O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que estatizar bancos norte-americanos "não faria sentido", por causa do tamanho do setor financeiro no país. Em entrevista à rede de televisão ABC News, Obama disse que o governo deve aplicar "amor rude" aos bancos e minimizou a decepção dos investidores com o pacote de socorro ao setor financeiro anunciado pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner. "Acho que Wall Street ainda está na esperança de uma saída fácil, e não haverá saída fácil", afirmou o presidente. Trechos do programa foram liberados com antecedência pela ABC News. A entrevista deve ir ao ar amanhã, no programa Nightline.
Ao descrever a atitude de seu governo diante da crise financeira, Obama citou casos anteriores do Japão e da Suécia, mas ressalvou que nenhum deles oferece muita ajuda para resolver a atual crise de crédito. Ele disse que o Japão perdeu uma década "tentando maquiar os problemas", enquanto a Suécia estatizou os bancos.
"Aí está o problema: a Suécia tinha algo como cinco bancos. Nós temos milhares. Você sabe, a escala da economia e dos mercados de capital dos EUA é tão vasta e os problemas relacionados a administrar e supervisionar qualquer coisa daquele tamanho. Nossa avaliação é a de que estatizar não faria sentido", afirmou o presidente. "O que tentamos fazer é aplicar parte do amor rude que será necessário, mas de uma maneira que também reconhece que temos mercados de capital grandes, e, no fim das contas, é isso o que será crucial para fazer o crédito fluir novamente."
Ele acrescentou que está tentando "um equilíbrio delicado entre soar alarmista e dar ao público uma visão franca das condições atuais". "O fato é que não estamos apenas em uma recessão comum, estamos em uma ”tempestade perfeita” de problemas financeiros e, agora, um declínio na demanda global que está resultando na perda de números enormes de empregos, o nível mais baixo de confiança do consumidor que já vimos e o crédito travado", disse o presidente. Obama ressalvou que não acredita que os EUA venham a entrar em uma nova Grande Depressão.
Revolta popular
Indagado sobre o sentimento de revolta popular diante dos bônus generosos pagos aos executivos de Wall Street, o presidente disse que muitos bancos são bem administrados e não deveriam ser tratados da mesma maneira como aqueles que precisam de ajuda do governo. "O JPMorgan é um bom exemplo. Jamie Dimon, o CEO… Eu não acho que ele deveria ser punido por fazer um trabalho bastante bom ao administrar uma carteira gigantesca", disse o presidente. Para ele, empresas saudáveis deveriam deixar que acionistas e diretores decidam sobre os pagamentos, mas que, no fim das contas, a cultura corporativa precisará mudar.
"Eu espero que vejamos uma mudança na cultura, na qual todo mundo no setor financeiro comece a reconhecer que bônus US$ 100 milhões não são um direito de nascença e que, você sabe, precisamos reconhecer que, se você vai recompensar as pessoas pelo sucesso, você também tem que puni-las por fracassos, e isso não vem acontecendo", acrescentou. As informações são da Dow Jones.
Fonte: Agência Estado