O presidente Barack Obama exigiu ontem, quinta-feira, 21 de janeiro, impor as mais enérgicas medidas regulatórias sobre bancos desde a década de 1930, propondo limites rígidos sobre o tamanho das instituições e uma proibição sobre atividades de risco, como operações de tesouraria e fundos hedge internos.

Ao jurar que "nunca mais o contribuinte americano será mantido refém por um banco que é grande demais para falir", Obama disse que as medidas foram necessárias para evitar uma repetição dos excessos que conduziram à crise financeira. As medidas de longo alcance equivalem à reação ao colapso das bolsas de 1929, que obrigou o então governo dos EUA a separar os bancos de investimento dos comerciais, numa divisão que se manteve até 1999.

Se forem validadas pelo Congresso, as propostas de Obama poderão obrigar grifes de Wall Street como J.P. Morgan Chase e Goldman Sachs a se desfazer das suas enormes operações em fundos de hedge e de "private equity" e a parar de fazer apostas financeiras com seu próprio dinheiro.

O mercado acionário caiu após o anúncio, com ações de bancos liderando a queda, e os títulos do Tesouro americano registraram alta à medida que Obama anunciava as propostas. As cotações das ações de bancos regionais menores dos EUA, porém, subiram.

Pelos termos do plano, que continha poucos detalhes, os bancos ficarão proibidos de realizar operações de tesouraria, e de "deter a posse, investir ou patrocinar" fundos de hedge e de "private equity".

Novos limites não especificados sobre passivos transcenderão uma regra atual que restringe cada banco a deter não mais de 10% dos depósitos dos EUA, para impedir que uma instituição focada em banco de investimento assuma dimensões grandes a ponto de representar um risco sistêmico.

A Casa Branca foi imediatamente acusada de adotar uma mensagem populista para desviar a atenção do golpe desferido pela derrota democrata na eleição de terça-feira para o Senado, em Massachusetts.

"Nos anos recentes, um número demasiado grande de firmas financeiras colocou o dinheiro do contribuinte em risco ao operar fundos de hedge e fundos de "private equity" e fazendo investimentos mais arriscados visando obter um lucro rápido", disse Obama.

"E essas firmas assumiram esses riscos enquanto se beneficiavam de privilégios financeiros especiais reservados apenas para bancos".

Ele destacou a sua determinação de ver as mudanças implantadas, dizendo que "esta é uma luta que estou disposto a travar". Os republicanos adotaram uma resposta fria, mas não rejeitaram o plano de imediato. Judd Gregg, membro republicano da Comissão de Bancos no Senado, disse ao "Financial Times" que "estaria disposto a estudar o tema".

"Estou um pouco temeroso de que isso, no entanto, tenha menos relação com reforma financeira e mais com a agenda política do dia a dia", ele disse. Autoridades disseram que estiveram debruçados sobre os planos durante semanas. Mas eles vão muito além da proposta de reforma original, apresentada pelo Tesouro em junho.

Obama disse que estava adotando as ideias de Paul Volcker, assessor da Casa Branca e ex-presidente do banco central, que tem defendido uma revisão regulatória cabal da regulamentação no "espírito de Glass-Steagall" por meses, aparentemente com pouco efeito no governo.

Os bancos evitaram tecer comentários. Executivos disseram que os planos poderiam marcar o início de grandes mudanças estruturais e até motivar o Goldman e o Morgan Stanley a renunciar à sua condição de controladores de banco.

Fonte: Financial Times /  Tom Braithwaite e Francesco Guerrera, de Washington e Nova York

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