Medida deve vir acompanhada de cuidado redobrado nas ações sanitárias, com uso de máscaras, evitar aglomeração e manter higienização das mãos
Diante do avanço da variante ômicron do coronavírus, identificada pela primeira vez na África do Sul, em novembro deste ano, o infectologista Hemerson Luz, especialista em Gestão em Saúde do Hospital das Forças Armadas, no Distrito Federal, acredita que a vacinação em todas as doses, inclusive na de reforço, é uma forma de fiscalização que pode facilitar o retorno dos bancários e de outros profissionais ao trabalho presencial. Ele alerta, no entanto, que essa medida deve vir acompanhada de cuidado redobrado nas ações sanitárias, com destaque para o uso de máscara em locais fechados ou para evitar aglomeração, mantendo sempre em dia a higienização das mãos.
Como a nova cepa do coronavírus pode ter uma capacidade ainda maior de contágio do que as variantes anteriormente identificadas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reforça a necessidade de mais cuidados com a falsa sensação de segurança. É fato que as vacinas salvam vidas, mas não evitam totalmente a transmissão da doença, cabendo aos vacinados quaisquer outros cuidados que impeçam mais contaminações e mortes, situação que não pode ser banalizada. A ideia ganha apoio de técnicos da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), que orientam para que seja possibilitada a permanência do trabalho em casa para os grupos de risco.
“A pandemia ainda não acabou e uma nova variante da Covid-19 já chegou ao Brasil. Cobramos da direção da Caixa Econômica Federal que mantenha os protocolos de segurança e o trabalho em home office, notadamente para o grupo de risco, e implemente o acordo de teletrabalho. Estaremos mobilizados, empregadas/empregados e suas entidades representativas, para assegurar que a vida seja sempre valorizada, com condições dignas de trabalho nas unidades do banco”, lembra Sergio Takemoto, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae).
O dirigente reitera que questões como cobrança por metas desumanas, sobrecarga de trabalho, assédio moral, déficit de pessoal e ameaça de reestruturação são alguns dos problemas que agravam ainda mais a já precária situação enfrentada pelas empregadas e empregados no dia a dia das unidades. “Todas as áreas apresentam dificuldades, muitas vezes provocadas por medidas de convocação até mesmo para o retorno presencial de bancárias e bancários sem espaço físico para trabalhar, devido ao banco ter reduzido o número de prédios administrativos”, denuncia o presidente da Fenae.
Na Caixa, apesar dos riscos com a pandemia da Covid-19 continuarem à espreita, os efeitos da convocação para o retorno ao trabalho presencial têm atingido todos os setores. Em alguns casos, há bancários procurando local para trabalhar em uma unidade diferente da sua lotação. Em outras situações, a chefia estuda aplicar o MN RH 226, que estabelece o trabalho remoto e a mobilidade nas agências, vigente desde 3 de junho de 2019. Avalia-se ainda a alternativa de compartilhamento de estação de trabalho, mesmo face à variante ômicron, que se caracteriza por uma maior transmissibilidade.
“A convocação de bancárias e bancários até mesmo do grupo de risco, sem qualquer responsabilidade, sem negociação com a Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), ignora que a pandemia não acabou. Nossa posição é de que as trabalhadoras e os trabalhadores do grupo de risco permaneçam em teletrabalho. Foi para protestar contra esse absurdo, entre outros fatores, que empregadas e empregados participaram nesta terça-feira (7) de manifestações do Dia Nacional de Luta por melhores condições de trabalho”, declara Sergio Takemoto.
Para o infectologista Hemerson Luz, o impacto da vacinação na pandemia pode ser demonstrado observando-se os números da doença. Segundo ele, na atual conjuntura de crise sanitária, há uma média móvel cada vez mais baixa, uma taxa de transmissão que se encontra baixa e um índice de ocupação de UTIs muito abaixo do nível crítico. “Sabemos que esses números podem mudar, principalmente na presença de uma nova variante, a chamada ômicron, que se caracteriza por uma maior transmissibilidade e por aumento de casos como aconteceu em outras situações, a exemplo da África do Sul”, explica.
O médico observa que a vacinação é de suma importância. Para ele, quanto maior a cobertura populacional, melhor será para deter a disseminação e evitar que novos casos apareçam. E adverte em seguida: “Por isso, comprovar a vacinação, a primeira e a segunda doses, assim como a dose de reforço ou terceira, tem impacto em termos de saúde coletiva, diminuindo os números de casos e até mesmo os mais graves, sobretudo os que podem evoluir de forma desagradável ou chegar a óbitos”.
Hemerson Luz afirma que, mundo afora, o aumento no número de casos de contaminação por Covid-19 pode estar relacionado com a presença da variante ômicron, associado com a cobertura vacinal baixa. Diante dessas evidências, o médico de Brasília considera ser muito importante que a população se vacine e que todos os bancários e demais trabalhadores procurem os postos de saúde para manter em dia a cobertura vacinal. De acordo com o infectologista, a vacinação é o passaporte para que as pessoas continuem trabalhando de uma forma segura.
Fonte: Fenae