Diversidade
Aguardamos, com ansiedade, a divulgação completa do Mapa da Diversidade – Censo realizado pelos bancos de abril a junho de 2008, cujo resultado parcial foi apresentado pela FEBRABAN durante o I Seminário sobre Igualdade de Oportunidades realizado pela Contraf CUT no dia 11/12/2008.
Para consolidar as conquistas realizadas até aqui e dar os próximos passos rumo a uma situação de real igualdade, é preciso que todos, homens e mulheres, se engajem nesse movimento, conscientizando-se que a igualdade de oportunidades gerará benefícios a todos. Enquanto essa luta for apenas das mulheres, não conseguiremos avançar.
Nesse sentido, as trabalhadoras do ramo financeiro, lançaram em 2002 e pretendem retomar este ano a campanha "Relações Compartilhadas", que procura conscientizar a todos da importância de homens e mulheres atuarem em todas as esferas da vida. É preciso acabar com a chamada cultura da domesticidade, tradição que joga para a mulher a responsabilidade exclusiva sobre as questões domésticas tais como a criação dos filhos (alimentação, educação, escola etc.), organização do lar (limpeza, manutenção etc.), entre outras.
Esse papel foi estabelecido num contexto social ultrapassado, em que o homem era visto como o "provedor" da família enquanto cabia à mulher o papel de "rainha do lar". Na sociedade de hoje, muito por conta das lutas desenvolvidas pelas mulheres, homens e mulheres assumem o papel de provedores e devem compartilhar também as obrigações domésticas. No entanto, isso não acontece, e as mulheres acabam cumprindo dupla ou às vezes tripla jornada.
Essa visão machista é um dos principais fatores que impedem uma maior participação das mulheres no movimento sindical e na política. Como a mulher é vista como a única responsável pelo lar e criação dos filhos, não lhe sobra tempo para a participação em cursos, congressos, partidos políticos ou movimentos de massa – que normalmente exigem que se esteja disponível desde a madrugada e sem hora para voltar para casa.
O resultado acaba por prejudicar a sociedade como um todo, desperdiçando o potencial que a sinergia entre os sexos poderiam trazer para as ações coletivas.
Homens e mulheres têm visões diferentes sobre a mesma coisa e, portanto, reagem de maneira diferente para solucionar problemas e desenvolver ações. Ocorre que, nos poucos casos onde a mulher conquista um cargo de liderança, algumas acabam, erroneamente, por masculinizar a atuação, no sentido de fazer valer suas decisões e se impor perante os homens, que dificilmente aceitam tal situação. O que é preciso é mesclar visões e experiências.
A igualdade de oportunidades é um movimento que atinge a todos, pois homens também são discriminados em várias esferas, tais como ballet, serviços domésticos (profissionalmente), ou quando em casa desempregado, ocupa-se das atribuições do lar para dar suporte à esposa que mantém seu emprego. Homens também deveriam ter o direito de ficar em casa e curtir o desenvolvimento de seus filhos, por exemplo.
Enquanto a luta pela igualdade continuar sendo levada a cabo apenas por parte das mulheres, – muitas vezes contando com a oposição masculina – não conseguiremos modificar efetivamente essa situação. É preciso que todos, homens e mulheres, se conscientizem e trabalhem juntos para construir um mundo mais justo e de oportunidades iguais para todos.
Artigo de Arlene Montanari, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT