O movimento mundial das mulheres pode ser considerado um dos mais vitoriosos movimentos sociais do último século. A situação das mulheres nesse Dia Internacional da Mulher de 2009 é consideravelmente melhor do que era em 1910, quando a data foi estabelecida no dia 8 de março em homenagem à coragem de mais de 100 operárias de uma tecelagem em Nova Iorque que, em 1857, foram assassinadas em um incêndio criminoso enquanto lutavam por melhores condições de trabalho.

No entanto, se é verdade que as vitórias são expressivas, o caminho a ser percorrido até a real igualdade de gênero é ainda muito longo. Um exemplo é o mercado de trabalho, onde as mulheres ainda sofrem discriminação. O setor financeiro não é exceção, como demonstram os dados do Balanço Social dos Bancos de 2007 onde é possível constatar que apesar de estarmos em equidade (homens e mulheres) na contratação, ainda ganhamos menos e ocupamos os menores cargos nos bancos, apesar do melhor nível de escolaridade.

Diversidade

Aguardamos, com ansiedade, a divulgação completa do Mapa da Diversidade – Censo realizado pelos bancos de abril a junho de 2008, cujo resultado parcial foi apresentado pela FEBRABAN durante o I Seminário sobre Igualdade de Oportunidades realizado pela Contraf CUT no dia 11/12/2008.

Para consolidar as conquistas realizadas até aqui e dar os próximos passos rumo a uma situação de real igualdade, é preciso que todos, homens e mulheres, se engajem nesse movimento, conscientizando-se que a igualdade de oportunidades gerará benefícios a todos. Enquanto essa luta for apenas das mulheres, não conseguiremos avançar.

Nesse sentido, as trabalhadoras do ramo financeiro, lançaram em 2002 e pretendem retomar este ano a campanha "Relações Compartilhadas", que procura conscientizar a todos da importância de homens e mulheres atuarem em todas as esferas da vida. É preciso acabar com a chamada cultura da domesticidade, tradição que joga para a mulher a responsabilidade exclusiva sobre as questões domésticas tais como a criação dos filhos (alimentação, educação, escola etc.), organização do lar (limpeza, manutenção etc.), entre outras.

Esse papel foi estabelecido num contexto social ultrapassado, em que o homem era visto como o "provedor" da família enquanto cabia à mulher o papel de "rainha do lar". Na sociedade de hoje, muito por conta das lutas desenvolvidas pelas mulheres, homens e mulheres assumem o papel de provedores e devem compartilhar também as obrigações domésticas. No entanto, isso não acontece, e as mulheres acabam cumprindo dupla ou às vezes tripla jornada.

Essa visão machista é um dos principais fatores que impedem uma maior participação das mulheres no movimento sindical e na política. Como a mulher é vista como a única responsável pelo lar e criação dos filhos, não lhe sobra tempo para a participação em cursos, congressos, partidos políticos ou movimentos de massa – que normalmente exigem que se esteja disponível desde a madrugada e sem hora para voltar para casa.

O resultado acaba por prejudicar a sociedade como um todo, desperdiçando o potencial que a sinergia entre os sexos poderiam trazer para as ações coletivas.

Homens e mulheres têm visões diferentes sobre a mesma coisa e, portanto, reagem de maneira diferente para solucionar problemas e desenvolver ações. Ocorre que, nos poucos casos onde a mulher conquista um cargo de liderança, algumas acabam, erroneamente, por masculinizar a atuação, no sentido de fazer valer suas decisões e se impor perante os homens, que dificilmente aceitam tal situação. O que é preciso é mesclar visões e experiências.

A igualdade de oportunidades é um movimento que atinge a todos, pois homens também são discriminados em várias esferas, tais como ballet, serviços domésticos (profissionalmente), ou quando em casa desempregado, ocupa-se das atribuições do lar para dar suporte à esposa que mantém seu emprego. Homens também deveriam ter o direito de ficar em casa e curtir o desenvolvimento de seus filhos, por exemplo.

Enquanto a luta pela igualdade continuar sendo levada a cabo apenas por parte das mulheres, – muitas vezes contando com a oposição masculina – não conseguiremos modificar efetivamente essa situação. É preciso que todos, homens e mulheres, se conscientizem e trabalhem juntos para construir um mundo mais justo e de oportunidades iguais para todos.

Artigo de Arlene Montanari, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT

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