Nesta sexta-feira (22) foi divulgado o polêmico vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, quando o (des)governo Bolsonaro tirou literalmente a máscara. Sobraram palavrões e ameaças, inclusive de prisão de governadores, prefeitos e membros do Supremo Tribunal Federal (STF). A pandemia da Covid-19 só foi lembrada quando o ministro do meio ambiente reforçou a pressa em desregulamentar toda sua pasta, enquanto a imprensa está focada nos números de infectados e mortos pelo coronavírus. Armar a população e abrir resorts em consórcio com cassinos também estiveram na ordem do dia. E o ministro Paulo Guedes usou toda sua eloqüência chula para cobrar celeridade na privatização do Banco do Brasil.

PRIVATIZAÇÃO DO BB

A imprensa já tinha vazado parte da fala de Paulo Guedes sobre a privatização do Banco do Brasil. Agora, analisando-se todo o contexto, percebe-se que a decisão de privatizar o BB tem tudo a ver com essa concentração do pagamento do auxílio emergencial na Caixa Econômica Federal, que tem levado funcionários e prestadores de serviços bancários ao adoecimento e morte pela Covid-19.

Ao final da reunião do ódio, Guedes também afirmou que o Banco do Brasil seria um “caso pronto de privatização”, por não ser 100% público como Caixa Econômica Federal e BNDES. Nessa condição, o governo não pode utilizá-lo para implementar suas políticas já que o interesse dos minoritários privados também está em jogo.

“É um caso pronto e a gente não tá dando esse passo. Senhor (presidente) já notou que o BNDES e a Caixa que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender essa porra logo”, disse Guedes.

Depois de Guedes ter pedido para o presidente do BB, Rubem Novaes, confessar o seu sonho e de o presidente Jair Bolsonaro ter pedido para ele fazer isso somente em 2023 — depois do fim do seu mandato, portanto—, Rubem respondeu rindo que o BB estaria pronto para um programa de privatização. E Bolsonaro emendou: “Isso aí só se discute, só se fala isso em vinte e três, tá?”

Para quem assistiu ao vídeo, fica clara a intenção do governo em se livrar das empresas estatais, justamente em um momento impróprio, pois não se devem vender empresas estratégicas, públicas ou mesmo privadas, quando seu valor de face é muito menor que seu preço real. É bom ressaltar que nessa crise o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, fundamentais para o desenvolvimento do país, estão funcionando plenamente graças ao excelente desempenho dos seus funcionários que estão dando o melhor de si na linha de frente do pagamento dos benefícios sociais, especialmente os da Caixa, expostos ao contágio pelo novo coronavírus,  devido às aglomerações dentro das agências, sem os devidos equipamentos de proteção individual e coletivos, pressionados para vender produtos e serviços e agredidos por clientes e usuários por conta da concentração dos pagamentos.

Os serviços bancários são considerados como essenciais, entretanto os bancários não estão  incluídos na lista de prioridade para a testagem e é a segunda categoria a registrar muitas baixas pela Covid-19, atrás apenas dos profissionais da saúde. E nessa reunião, tinha ministro insistindo em aproveitar a pandemia para entregar a preço de bananas o patrimônio do povo brasileiro.

O presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Lindonjhonson Almeida se disse estarrecido com o conteúdo de uma reunião ministerial que não discutiu com seriedade os problemas do país, seus participantes não se portaram de acordo com seus cargos e linguagem utilizada estava mais para uma farra de botequim.

“Um absurdo o que o Brasil e o mundo assistiram no vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, data histórica pela descoberta do Brasil e que agora marca historicamente o despreparo, o ódio e o descompromisso desse governo nazifascista com o povo brasileiro. Deixando de lado as questões de natureza jurídica que motivaram o ministro do STF a liberar a divulgação do vídeo, agora entendemos porque os governistas não queriam que o povo visse governo literalmente sem máscaras, expondo seu ódio, sua arrogância, seu despreparo, seu desrespeito à Constituição e seu descaso com o povo brasileiro. Talvez agora, alguns funcionários de bancos públicos entendam o mal que fizeram ao país ao votarem em um candidato sem um projeto de governo. E não foi falta de aviso!”, concluiu Lindonjhon Almeida.

Fonte: Seeb-PB, com Brasil 247

Eis a transcrição da fala de Paulo Guedes, Bolsonaro e Rubem Novaes sobre o assunto:

Jair Bolsonaro: O Banco do Brasil … o Banco do Brasil não fala nada não?

Paulo Guedes: O banco do Brasil não é tatu nem cobra. O Banco do Brasil não é tatu nem cobra. Porque ele não é privado, nem público. Então se for apertar o Rubem, coitado. Ele é super liberal, mas se apertar ele e falar: “bota o juro baixo”, ele: “não posso, senão a turma, os privados, meus minoritários, me apertam.” . Aí se falar assim: “bota o juro alto”, ele: “não posso, porque senão o governo me aperta.”. O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização. Jair Bolsonaro: (Risos).

Paulo Guedes: É um caso pronto e a gente não tá dando esse passo. Senhor já notou que o BNDE e o … e o … e a Caixa que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender essa porra logo.

Jair Bolsonaro: Vamos dispensar o Rubem da próxima reunião aí, pô.

04:44.634 (8527)

Rubem: Ape … apesa … apesar de todo … Damares: (Ininteligível).

Rubem: Apesar de todo o aumento de risco que passou haver no sis … no sistema bancário. O Banco do Brasil tá expandido bastante seus empréstimos e .. . Damares?: (Ininteligível)

Rubem: A agricultura, a … a ministra Teresa Cristina é testemunha aqui de que o apoio tá sendo muito grande e … e … nós tamos numa situação confortável, ministro. Porque, a … primeiro porque na … na … em termos de liquidez, a, o público vê o Banco do Brasil como um porto seguro.

Rubem: Então, nós não tamos tendo problemas que outros bancos tão tendo de … de preocupação com … com a liquidez do banco, com a higidez do banco. É … e na nossa, a … a … na nossa formação de … de … de resultado, as pessoas físicas tem um, um papel preponderante dentro do Banco do Brasil e nós temos a felicidade, nesse momento, de contar com folhas de pagamento de … de … de empresas públicas, das forças armadas, (balbuciando) que … que … em termos relativos estão numa situação mais segura do que o cidadão comum, que … que não participa de … de … de .. . de … de empresas públicas.

Paulo Guedes: Mas só confessa o seu sonho.

Rubem: Hein?

Paulo Guedes: Confessa o sonho. 06:00.209 (10792)

Jair Bolsonaro: Deixa pra depois, confessa não. Rubem: Agora …

Paulo Guedes: Confessa o seu sonho. Rubem: Privati . .. em … em relação a privatização …

Jair Bolsonaro: Faz assim: só em vinte e três cê confessa, agora não.

Rubem: Em relação (risos) à privatização, eu acho que fica claro que com o BNDES cuidando do desenvolvimento e com a Caixa cuidando do fim soei … do … do … da área social, o Banco do Brasil estara … estaria pronto pa … para um programa de privatização, né?

Rubem : Mas isso a gente pode fazer. ..

Jair Bolsonaro: Isso aí. .. isso aí só se discute, só se fala isso em vinte e três, tá?

Rubem: A gente pode fazer um dia um … um … um seminário aí e … e … possa estender aí. Porque o Banco do Brasil no passado a … teve muitos privilégios pelo fato de ser público, né? A … as folhas de pagamento vinham natmalmente pro Banco do Brasil ou pra Caixa. A administração do … a administração dos depósitos judiciais eram sempre do Banco do Brasil e da Caixa. Hoje, isso tudo é … é … processo de concorrência. Nós temos que pagar muito caro por esses antigos privilégios, que não ==;::;;…—‘.-==~r-tão mais privilégios_. __ 07:18.988 (13153)

Rubcm: E fica só o lado ruim de ser estatal, pesando no Banco do Brasil. Quer dizer, a gente não tem a mesma facilidade de contratação, a gente não tem a mesma facilidade de demissão de maus funcionários e … e … e vai … vai por diante. Quer dizer, tudo tem [que su … submeter ao governo, tem o Tribunal de Contas travando tudo, não é? Tribunal de Contas é, hoje em dia, é um … é uma usina de terror. Quer dizer, se … se a gente faz … se a gente faz alguma coisa tá arriscado a ir pra cadeia. Se não faz, é … é processado por inação, não é? Porque você não tomou as providências que tinha que ter tomado, então … então é vi … virou … virou um terror isso.