Não há como negar, o sindicalismo brasileiro vem já há algum tempo enfrentando grandes desafios. Principalmente nas lutas a serem desenvolvidas em defesa da CLT e dos direitos sociais contidos na Constituição. Nos últimos anos reformas trabalhistas atacaram de forma demasiada as relações de trabalho e a organização sindical. Não é uma tarefa fácil, ainda que esteja no comando da nação alguém comprometido com essas causas, egresso do movimento sindical, mas, lamentavelmente, o parlamento é atualmente composto por lideranças políticas refratárias, muito mais do que resistentes, às mudanças progressistas, submissas aos interesses das elites dominantes
Percebe-se, claramente, que uma maioria reacionária do Congresso está disposta a promover ações que reduzam o custo da força de trabalho, para, assim, ampliar os lucros do patronato. As Centrais Sindicais têm, então, a responsabilidade de buscar o espírito unitário para somar esforços no sentido de enfrentar o grande capital, que está, cada vez mais, organizado.
Os sindicatos precisam voltar ao tempo em que atuaram ativamente a partir do surgimento do Novo Sindicalismo, com origem no ABC paulista e sob a liderança do metalúrgico Lula da Silva, e ofereceram importante contribuição no processo de redemocratização no período pós-ditadura militar. Com a chegada do neoliberalismo ao Brasil e depois do impeachement da presidente Dilma Roussef, foi implementada uma agenda de retrocessos, impondo medidas com o propósito de precarizar e flexibilizar os direitos trabalhistas, enfraquecendo a negociação coletiva e o movimento sindical ao abrir a possibilidade de negociações individuais em inúmeros temas. Isso agravado pelo impacto da tecnologia no mercado de trabalho, concorrendo para o aumento dos índices de desemprego.
Com uma organização fragmentada torna-se impossível vencer os desafios colocados pelo modelo econômico neo-liberal. O movimento sindical brasileiro precisa retomar o seu papel de protagonista na criação das bases da reconstrução do Brasil, adotando uma Pauta Unificada da Classe Trabalhadora. Faz-se necessário, no entanto, combater as práticas antisindicais. Inclusive, dentro de algumas categorias de trabalhadores que mantêm por décadas a mesma composição social das direções, sem renovação de lideranças, se mostrando incapazes de promover inovações e reformas, resultando no enfraquecimento dessas instituições. É verdade que categorias profissionais como os bancários, os metalúrgicos, os professores, dentre outros, permanecem, apesar das dificuldades, sem perder a postura de combatividade, a consciência política de classe e a capacidade de mobilização. São entidades que possuem uma boa base social de sustentação.
Não há democracia sem sindicatos fortes. Mas, para tanto, é indispensável que estejam alinhados com forças partidárias que sejam seus porta-vozes no Congresso, encaminhando propostas que atendam suas demandas, se contrapondo aos parlamentares inimigos dos trabalhadores. Os partidos considerados de “esquerda”, com ideário voltado para as causas sociais, como o PT, o Psol, o PDT, o PCdoB, o PSB, não formam maioria nessas casas legislativas. A boa notícia recente é que o antigo PTB, de Leonel Brizola, está voltando às mãos dos seus integrantes de origem, por decisão do TSE. Isso nos traz a esperança de que poderemos contar com mais lideranças políticas combatentes, solidárias aos movimentos sindicais.
É imprescindível e urgente uma ação unificada dos trabalhadores e trabalhadoras, representados por sindicatos que compreendam a necessidade de renovar suas estratégias e fazer face ao cenário adverso com que estamos nos defrontando. Que a bandeira de luta nunca deixe de ser, prioritariamente, a de melhorar substancialmente as condições de vida da classe trabalhadora no Brasil.
Fonte: Coisas de Cajazeiras / Rui Leitão