Crédito: Jailton Garcia
Jailton Garcia
Economista Vivian Rodrigues alerta para impacto das novas tecnologias

Durante a mesa sobre Terceirização e Reestruturação Produtiva na 15ª Conferência Nacional dos Bancários, nesta sexta-feira (19), a economista Vivian Machado Rodrigues, da subseção Dieese na Contraf-CUT, falou sobre o “mobile payment”, sistema que usa celulares, smartphones e tablets para operações de compra e pagamento.

Há duas modalidades. Uma foi introduzida pela operadora brasileira Oi na Nigéria e no Quênia e realiza pagamentos por intermédio de mensagem SMS, com o uso de uma senha criptografada que autoriza a transação. “O usuário compra créditos para seu celular e os utiliza não só para serviços de telefonia e internet, mas para compras e pagamentos diversos”, explica Vivian.

O usuário tem uma conta de pagamentos, mas não uma conta bancária, e essas operações não passam por instituições financeiras, mas pela empresa de telefonia.

A outra tecnologia, já usada no Japão, chama-se NFC, ou pagamento por proximidade. O celular funciona como uma carteira virtual capaz de realizar operações de até quatro cartões diferentes. Nessa modalidade, a operação é feita através de um banco.

O que vai funcionar no Brasil é um modelo híbrido que mistura as duas tecnologias. A Medida Provisória 615 (clique aqui: ), editada em 17 de maio, autoriza o funcionamento dessas operações, definindo os papéis das empresas envolvidas no processo. O Banco Central ficará encarregado dos pormenores da regulamentação. O Ministério das Comunicações, a Anatel e o Conselho Monetário Nacional também estão envolvidos na implantação do sistema.

O “mobile payment” tem apoio do governo federal, que deverá incluir até benefícios como o Bolsa Família no sistema que usa SMS. “A justificativa é que essa modalidade de pagamento permitiria a inclusão financeira, principalmente das pessoas de baixa renda, que não têm acesso a bancos. No caso do sistema NFC, a expectativa é que tenha maior aceitação junto aos mais jovens, que já vivem conectados”, informa a economista.

Ameaça ao emprego

O sistema já está ativo em algumas praças. O Banco do Brasil opera em parceria com a Oi em estados do Nordeste e deve expandir o sistema para todo o Brasil no segundo semestre. O Bradesco também deve começar a operar em breve, através da operadora Claro. A Caixa tem parceria com a Tim e a Mastercard e o início da operação está previsto para 2013. “Mas a MP e as normativas do Banco Central determinam que as transações sejam feitas entre todos os bancos e todas as operadoras, numa plataforma integrada. E isso, por enquanto, ainda não acontece”, destaca Vivian.

O problema é que esse sistema ameaça o emprego bancário, porque a nova tecnologia pode mudar completamente a estrutura das instituições financeiras. “As agências representam custo e hoje o conceito de banco é marca. Com o mobile payment elas não serão mais necessárias. Foi por isso que o governo desonerou os smartphones e os tablets. E, como todo mundo carrega celular em bancas de jornal, elas se tornarão o novo correspondente bancário”, alerta Vivian.

Fonte: Rede de Comunicação dos Bancários / Renata Silver