Phamela Godoy diz que há um projeto de desmonte das políticas públicas de promoção da igualdade para as mulheres
A coordenadora do projeto ‘Basta! Não iremos nos calar’, Phamela Godoy, também falou no painel “O impacto social da pandemia sobre a Classe Trabalhadora”, focando a questão de gênero nesta conjuntura.
Phamela destacou que àqueles que possuem uma posição política mais à esquerda defendem o estado de bem-estar social e que a saúde é um destes direitos que precisam ser priorizados. Lembrou que, no Brasil, o tratamento não é igual para homens e mulheres.
“Esta pandemia tem afetado de sobremaneira as mulheres por causa da desigualdade de gêneros. Homens e mulheres não são iguais porque não recaem sobre eles as mesmas responsabilidades, oportunidades, acessos e expectativas sociais. Numa casa com duas crianças, as meninas já recebem a responsabilidade de adultos, ajudando no cuidado com a casa, na preparação da comida, no cuidado com os irmãos e estas funções não recaem sobre os meninos”, disse. Phamela lembra que a profissão da mulher funciona como se fosse uma atividade e renda complementares ao trabalho doméstico e que a elas é imposto socialmente ‘um papel reprodutivo’ não tendo a mesma importância do trabalho do homem.
“Apesar de toda a força da Convenção Coletiva de Trabalho, as bancárias negras recebem, em média, apenas 73,3% do salário médio dos homens brancos, quase 27% a menos”, afirma.
Aspecto machista do golpe
A ativista lembrou que há no Brasil um projeto de desmonte dos direitos dos trabalhadores e de afirmação da sociedade machista.
“Não é só neste governo Bolsonaro. Há um projeto em curso de destruição de direitos, de renda e de redução de expectativa de vida desde o golpe de 2016. Não dá para dizer que o golpe contra Dilma não teve uma motivação política machista e sexista”, destacando que não se pode apagar a violência de gênero por trás do impeachment contra a presidenta.
“Disseram que a reforma trabalhista iria gerar empregos, mas tivemos desemprego recorde antes mesmo da pandemia. Quantos PDVs – Programas de Demissão Voluntária – realizaram no Banco do Brasil?”, questiona.
Lembrou que quando alguém vai contratar “uma diarista” ou “cuidadora de idosos” sempre se refere ao gênero feminino, citando mais um exemplo da discriminação contra as mulheres.
Denunciou que há no Brasil um desmonte contra as políticas de promoção de igualdade para as mulheres e contra a violência doméstica no país.
“O orçamento 2021 do governo para estas políticas públicas em favor das mulheres é 56% do que já havia sido aprovado pelo Congresso Nacional”, denuncia, lembrando também que o governo fez cortes no orçamento do país para a saúde em 2022.
Phamela encerrou sua participação dizendo que a violência doméstica aumentou nos dois anos da pandemia e que um número ainda maior de pessoas tornarem-se dependentes dos cuidados de uma mulher.
Fonte: Seeb – Rio