O ano de 2009 iniciou sob a pressão da crise financeira internacional, a crise do capitalismo construída na liberalização financeira e comercial neoliberal, pela implementação em vários países do mundo, inclusive no Brasil com FHC/PSDB/DEM, das políticas neoliberais do Consenso de Washington. A militância cutista saiu às ruas para dizer: "os/as trabalhadores/as não vão pagar pela crise".
Contra o processo de diminuição dos investimentos da iniciativa privada, o aumento das demissões e as propostas patronais, com a Fiesp à frente, de reduzir direitos e salários, a CUT atuou no sentido de pressionar os governos federal, estaduais e municipais, para ampliar o orçamento das políticas públicas, os investimentos em infra-estrutura, a exemplo do PAC, como também exigir que os empréstimos públicos à iniciativa privada fossem obrigatoriamente acompanhados de contrapartidas sociais com manutenção de empregos e direitos, além do cumprimento dos acordos firmados com as entidades dos servidores públicos.
Recusamos qualquer debate oportunista que, a pretexto da crise, buscasse ampliar os lucros e envolvesse retirada de direitos, como a suspensão do contrato de trabalho e a redução de salários. Demonstramos que a saída para crise é o crescimento econômico com valorização do trabalho, distribuição de renda, inclusão social e participação popular.
O nosso 10º CONCUT, no mês de agosto, reunindo mais de 2.400 delegados/as de todos os estados e ramos, foi um importante momento de reflexão de nossa estratégia, para potencializar o debate sobre a importância do Estado e das políticas públicas, para construir iniciativas que resultem em criação de um modelo de desenvolvimento alternativo ao hegemônico, com a redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salários, de maiores investimentos em políticas públicas e na reforma agrária.
A 6º Marcha da Classe Trabalhadora, realizada em 11 de novembro de 2009, reforçou o protagonismo da militância cutista: dos 50 mil manifestantes, mais de 30 mil eram cutistas! Definimos seis eixos unificados com as demais Centrais Sindicais: exigir que o Congresso aprove o PL 01/07, que efetiva a política de valorização do salário mínimo; novo marco regulatório para o petróleo, que garanta soberania nacional sobre a exploração e o seu uso, destinando-os a políticas públicas de combate às desigualdades sociais e regionais; atualização dos índices de produtividade da terra e aprovação da PEC 438/01 contra o trabalho escravo; ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT; aprovação do PL sobre a regulamentação da terceirização e combate à precarização nas relações de trabalho e, principalmente, redução da jornada sem redução do salário. Após o ato conjunto de encerramento, em frente ao Congresso Nacional, a CUT organizou um grande protesto em frente ao STF contra o interdito proibitório.
Foi também uma iniciativa vitoriosa o acampamento realizado nos dias 09 e 10 de novembro, antecedendo a Marcha, e que viabilizou a realização de panfletagens, pressão aos parlamentares no aeroporto e ato público em frente à CNI, sobre o FAP – fator acidentário previdenciário. Contudo, as nossas reivindicações apresentadas na 6ª Marcha, como também outras reivindicações das nossas entidades cutistas, ainda estão pendentes, o que reforça a necessidade de mantermos e ampliarmos a pressão.
Disputa de Projetos – nossa Plataforma
O ano de 2010 será um momento de intensa disputa de projetos. As implicações da crise mundial no mundo do trabalho nos impuseram a tarefa de "enfrentar a crise ampliando a luta de classe e organizando a transição para um novo modelo de desenvolvimento, e o desafio de buscar alternativas para sua superação na consolidação de um modelo de desenvolvimento sustentável, soberano e democrático.
Assim, o conjunto das entidades cutistas deve se preparar para essa disputa, por meio da formulação de propostas, especialmente de políticas públicas, no contexto do modelo de desenvolvimento defendido por nós.
Portanto, uma das principais tarefas da CUT, de nossas entidades e militância, será dar conseqüência ao debate desenvolvido desde 2006, na Jornada pelo Desenvolvimento, conformando a Plataforma da CUT para as eleições 2010. A Plataforma deve se constituir no instrumento para divulgação e consolidação das nossas parcerias no movimento sindical e social, enraizamento das propostas e intervenção efetiva nas eleições 2010.
O lançamento público da Plataforma está indicado para 1º de maio de 2010.
Fonte: CUT