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Grande justificativa do processo de elevação da Selic (que já acumula alta de 1,5% em 2011), a inflação mostrou sinais de arrefecimento nos principais índices em maio e a decisão repassará mais R$ 5 bilhões dos cofres da nação para os rentistas.
"O BC precisa ter a coragem de enfrentar o sistema financeiro em vez de se curvar aos seus interesses", defende o dirigente sindical. "Além das metas de inflação, o BC deveria fixar também metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país. Para isso, é fundamental ampliar o Conselho Monetário Nacional, de forma a contemplar a participação da sociedade civil organizada na discussão dos rumos da economia", destaca.
A taxa de inflação caiu acentuadamente em maio, segundo apontam os índices calculados pelo IBGE (IPCA e INPC) e Dieese. O IPCA baixou de 0,77% em abril para 0,47% no mês passado e o INPC foi de 0,72% para 0,57% no mesmo período. Já o ICV-Dieese apontou redução ainda mais acentuada entre abril e maio: de 0,80% para 0,04%. A razão dessa queda, na avaliação de ambos os institutos, é que está havendo uma reacomodação dos preços após surtos sazonais, sobretudo nos produtos agrícolas.
Mesmo os analistas do mercado financeiro ouvidos pela pesquisa Focus, do Banco Central, reduziram suas projeções para a inflação no ano pela quinta semana seguida, chegando a 6,22%. Há quatro semanas, o número previsto era de 6,33%.
"A alta da inflação é um problema e deve ser combatida, pois penaliza os mais pobres. Mas, na presente situação, o ‘remédio’ dos juros está causando problemas tão ou mais terríveis. Para cada ponto percentual de aumento nos juros, ocorre um aumento de cerca de R$ 19 bilhões na dívida pública, prejudicando a todos. Além disso, os juros altos pressionam o câmbio, reduzindo o valor das exportações brasileiras e prejudicando nossa indústria", resume.
Relatório do Banco Central informa ainda que o total destinado pelo governo federal para o pagamento da dívida pública nos mesmos quatro meses foi de R$ 78,6 bi, equivalente a 6,2% do PIB. O valor é equivalente aos R$ 80 bilhões destinados pelo governo para financiar pelos próximos quatro anos o programa Brasil sem Miséria, principal bandeira social da atual administração.
"É preciso acabar com esse nefasto programa de transferência de renda da sociedade brasileira para os rentistas detentores de títulos da dívida pública. Quebrar essa lógica é uma obrigação do governo eleito pelas forças populares e democráticas", diz Cordeiro.
Segundo dados do Tesouro Nacional, do total da dívida pública brasileira, 30,2% estão diretamente nas mãos dos bancos e 37,7% em posse dos fundos de investimento, a maioria dos quais controlados pelas instituições financeiras. Outros 14,4% estão em poder dos fundos de pensão e 11,6% de não-residentes no país.
"O Copom trabalha contra o processo de desenvolvimento econômico e geração de empregos – agenda escolhida pela população brasileira nas eleições de 2010, quando elegeu a presidenta Dilma", salienta Carlos Cordeiro. "A decisão favorece apenas aos rentistas e especuladores, que há muito tempo vem chantageando o governo. O país não pode continuar refém dos interesses deste segmento", conclui.
Fonte: Contraf-CUT