O Brasil é o 9º país com a melhor economia do mundo. Em contraponto, ele ocupa o 10º lugar no ranking dos piores países em distribuição de renda. Isso leva ao questionamento de qual é o modelo de política econômica adotado pelo governo brasileiro para o desenvolvimento do País.

De acordo com o presidente da CUT Nacional, Artur Henrique, durante a palestra "Os trabalhadores e a macroeconomia", um dos assuntos abordados na 1ª Conferência do Desenvolvimento (Code/Ipea), em Brasília, "esta é a hora de os trabalhadores comprarem a briga e se inserirem no debate de qual modelo de desenvolvimento é necessário".

De acordo com o presidente cutista, o crescimento e o desenvolvimento do País dependem necessariamente do trabalhador. Entretanto, apesar de a classe operária ter papel central nos bons resultados numéricos que tornam o País capa de jornais econômicos do mundo inteiro, as políticas fiscal, monetária, tributária e os demais substantivos que dão nome às transações financeiras, ainda não estão devida e proporcionalmente ajustadas. "Aqui (no Brasil), por exemplo, não se tem imposto sobre grandes fortunas. Aqui só se taxa a renda, se taxa o consumo", exemplifica Artur Henrique.

A taxa de juros brasileira (10,75% ao ano) também atrasa o desenvolvimento do País e é considerada "um verdadeiro assalto" pelo presidente da CUT. A justificativa do Banco Central para o valor abusivo da taxa é o controle da inflação. Entretanto, o valor dos juros brasileiros também acaba resultando na estagnação do desenvolvimento do País, uma vez que parte significativa da população tem acesso restrito ao consumo. "Manter a inflação sob controle não pode significar você estabelecer uma taxa de juros tão grande que impeça o consumo e impeça o crescimento econômico", avalia Artur Henrique.

Além disso, com a queda dos juros norteamericanos – uma tentativa de escapar da crise financeira iniciada em 2008-, os produtos yankees são comprados em maior escala e os produtos brasileiros ficam mais caros. Resultado: o Brasil passou a ter déficit com os EUA.

Por outro lado, com o rompimento da política neoliberal, após o governo FHC, o cenário vem caminhando para se tornar mais favorável à classe trabalhadora. Como exemplo, pode-se citar o aumento da transferência de renda através do aumento do salário mínimo, da Previdência Social, da Seguridade Social, que alavancam positivamente a economia do Brasil e proporciona o seu desenvolvimento. O investimento é classificado como gasto público e, na maioria das vezes, criticado por grande parte da mídia que noticia a política como forma despesa para o País.

"O gasto público é o mesmo de 2002, no último ano de governo Fernando Henrique. O que mudou foi a transferência de renda", explica Artur Henrique. Para se ter noção, o aumento do salário mínimo para R$ 580,00 (reivindicação atual das Centrais Sindicais) renderia a arrecadação de R$ 12 bilhões para o governo.

Artur Henrique afirma que, apesar do avanço, ainda é precária a forma de gerir economicamente o Brasil, levando em conta sua principal alavanca: o trabalhador. Para que haja uma guinada, a solução é a participação direta do trabalhador na construção do modelo de desenvolvimento econômico. "A inserção do trabalhador em uma fatia maior da economia é o principal debate para o próximo período", afirma.

Agenda para um projeto nacional de desenvolvimento

O primeiro passo para que o crescimento do Brasil inclua a classe trabalhadora já foi dado. Em junho deste ano, mais de 20 mil sindicalistas das diversas Centrais Sindicais aprovaram a Agenda da classe trabalhadora para um projeto nacional de desenvolvimento com soberania, democracia e valorização do trabalho.

O documento, resultado de uma série de discussões, tem o objetivo específico de sistematizar propostas e reivindicações dos trabalhadores. O texto traz dezenas de diretrizes de ação, reunidas em seis eixos estratégicos:

1) Crescimento dom distribuição de renda e fortalecimento do mercado interno;
2) Valorização do trabalho decente com igualdade e inclusão social; 3)Estado como promotor do desenvolvimento socioeconômico e ambiental;
4) Democracia com efetiva participação popular;
5) Soberania e integração internacional.

A Agenda foi entregue à Dilma Rousseff ainda em sua candidatura.

Fonte: Vanessa Galassi, da CUT-DF

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