Segundo o Dieese, bancos sairão fortes da crise internacional
A alta lucratividade dos bancos aponta cenário favorável para a Campanha Nacional dos Bancários 2012. A afirmação foi feita pelo economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Alexandre Ferraz durante análise de conjuntura econômica dentro do Congresso do Sindicato dos Bancários de Brasília, no sábado (7).
De acordo com Ferraz, os bancos vão sair mais fortalecidos após o fim da crise. "Durante uma apresentação recente na Ásia, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) se vangloriou da rentabilidade dos bancos no país. Se eles estão confiantes, por que vocês também não estarão?", indagou.
Crise
Na visão do economista, a crise internacional de hoje é consequência da de 2008. "Isso porque os governos dos países centrais se endividaram ainda mais. A crise atual é nada mais do que os desdobramentos da de 2008", avaliou.
Apesar da lenta recuperação da economia norte-americana, a Europa não dá sinais de reação e passa por uma grave crise de confiança, analisou Ferraz. "A Europa vive atualmente um embate entre o modelo econômico alemão, de austeridade, com poucos gastos e controle dos salários, e o modelo italiano, com mais gastos públicos. Por isso, a Itália é uma das nações mais endividadas".
Ainda de acordo com economista, a desaceleração da economia chinesa também vem prejudicando os Estados Unidos e a Europa. "Apesar de a economia da China não estar em crise, a redução de seu PIB (Produto Interno Bruto) é ruim para EUA e Europa", observou.
Brasil
Na conjuntura geral, segundo o economista do Dieese, a situação também é difícil para o Brasil. "Com todo mundo vendendo e consumindo menos, vai demorar um pouco para a recuperação total da economia", acrescentou. Mesmo com a previsão de dificuldade, Ferraz afirmou que o Brasil tem potencial sólido e grande mercado interno de consumo. Em sua opinião, o perigo é frear muito na nossa principal exportação: as comomodities (petróleo, minério de ferro, cobre, café e soja).
Ele lembrou que, desde 2003, o Brasil começou a se estruturar de uma maneira diferente. "Hoje, graças às elevadas reservas internacionais, somos menos expostos às crises internacionais. Nossas importações e exportações têm pouca representatividade no PIB".
De acordo com Ferraz, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o programa Minha Casa, Minha Vida revolucionaram o mercado imobiliário nacional. "Esses programas, que impulsionaram o setor, aqueceram a economia", destacou, lembrando que o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) representa 7% do PIB nacional.
Política de valorização do salário mínimo
O economista ainda citou a política de valorização do salário mínimo como uma grande contribuição do movimento sindical para os trabalhadores. "Além dos trabalhadores, a política de valorização do salário mínimo aquece a economia e cria novos empregos", ressaltou.
Com validade garantida até 2015, a política de valorização do salário mínimo foi elaborada em 2007 pelo governo como consequência da mobilização e da pressão do movimento sindical e de sua capacidade de negociação. É resultado de quatro grandes marchas a Brasília, imaginadas, convocadas e organizadas pela CUT, que reuniram milhares de trabalhadores de todas as categorias e setores.
Os aumentos reais que têm se sucedido conferiram ao salário mínimo o maior poder de compra das últimas duas décadas. O aumento real acumulado nos últimos oito anos é de 53%.
Fonte: Seeb Brasília