O governo vem baixando a taxa de juros, mas os juros bancários, os juros realmente existentes, continuam estratosféricos, hoje, na casa dos 34,90% ao ano. O economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento, Nicola Tingas, justifica as taxas de juros muito mais altas do bancos, dizendo que "o perfil dos novos tomadores de empréstimo não é bom" (sic) e que "a gente vive numa economia de incerteza". E assim eles faturam mais ainda, vendendo incertezas e mantendo taxas de juros estratosféricas. São os profissionais da cafetinagem da incerteza que eles mesmos propagam.
Para saber realmente o que é o tal do spread, basta que uma pessoa inadvertida entre num banco e diga que quer aplicar 100 reais na caderneta de poupança. O tipo atrás do balcão dirá que é uma aplicação, dirá para voltar no mes seguinte para retirar 0,6 ou 0,9 a mais na aplicação.
Aí a mesma pessoa dá a volta no balcão e diz que quer um empréstimo de 100 reais. O mesmo funcionário dirá que é um ótimo negocio, que leve 100 reais e no próximo mês traga 112 ou 120 reais para pagar o empréstimo.
A diferença entre o que o banco paga e o banco cobra é o tal do spread. Em inglês parece algo mais sério do que simplesmente tunga, extorsão, ganhar sem produzir bens, nem empregos.
Por isso se deveria substituir a palavra spread pela correspondente palavra, traduzida ao português, de banquete. O nível do banquete hoje é de tanto. Os banqueiros dizem que vão manter o nível de banquete elevado porque os novos empréstimos não são seguros, porque vivemos em tempos de incerteza…
Spread, teu nome é banquete.
Fonte: Blog do Emir Sader