Crédito: Seeb Rio de Janeiro
Seeb Rio de Janeiro
Para bancários, nada justifica dispensas do banco mais lucrativo do país

Paralisações e mobilizações nas principais cidades do país marcaram na quinta-feira (18) o lançamento da Campanha Nacional Contra as Demissões no Itaú e pela Valorização dos Funcionários. No Rio de Janeiro, pararam todas as agências da Av. Rio Branco, o centro financeiro do Rio de Janeiro.

O lançamento da campanha integrou as atividades do Dia Nacional de Luta, organizado pela CUT, com manifes­tações em todos os estados e em Brasília.

A vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio e funcionária do Itaú, Adriana Nalesso, frisou que este é o início de uma suces­são de mobilizações nacionais contra as demissões em massa, o processo de reestruturação que vem sendo im­plan­tado no banco, com fusões de setores, mudanças de nomenclaturas, implementação de horário estendido nas agências, aumentando mais a sobrecarga de trabalho, o assédio moral e, como consequência, o número de bancários que adoecem.

Fusões e mais demissões

Como parte do processo de rees­tru­turação, o Itaú iniciou um movimen­to de fusão e transferência de platafor­mas de negócios. As EMPs, como são conhecidas, atendem somente empre­sas, funcionam dentro das agências e são classificadas em quatro grupos, dependendo do faturamento do cliente.

As EMPs 1 e 2, que atendem as empresas de maior faturamento, sofreriam uma fusão e passariam a funcionar nas agências do BBA, banco do conglome­rado Itaú.

As EMPs 3 e 4 continuariam nas agência Itaú, mas seus gerentes perderiam a autonomia em relação aos gerentes de agência.

Todo este processo deve gerar mais demissões, aumentando a sobrecarga de trabalho. Tem como objetivo au­men­tar ainda mais os lucros, via redu­ção de custos com a folha de pessoal. O que não se justifica, já que o Itaú Unibanco encerrou 2012 com um lucro líquido de R$ 13,594 bilhões. Os ativos totais alcançaram a marca de R$ 1,014 trilhão. O lucro foi o segundo maior da história do setor no país, ficando atrás do próprio resultado de 2011, quando ganhou R$ 14,621 bilhões.

“Vamos para as ruas, nacionalmente, denunciar o Itaú, que, em sua propa­ganda, se apresenta como uma empre­sa preocupada com os clientes e fun­cio­nários, mas, na verdade, é desu­ma­na, pensando unicamente em aumen­tar ainda mais seus gordos lucros à custa do emprego dos bancários e da queda da qualidade dos serviços pres­tados aos clientes, gerados pelas de­mis­sões em massa”, afirmou Adriana.

Mais assédio

Segundo denúncias, o superinten­dente responsável pela coordenação das EMPs tem assediado os gerentes de plataformas. Chama-os separada­mente, fazendo ameaças veladas. Atra­vés deste assédio moral, tenta indu­zi-los a pensar que se produzirem mais poderão não perder o emprego.

“É um jogo sujo que visa aumentar a produtividade e o lucro. Todos sabe­mos que trabalhar até a exaustão não vai garantir nada, e que as demissões po­dem atingir qualquer um”, alertou a vice-presidente. Lembrou que o Sin­dicato recebe dezenas de gerentes e outros funcionários que sempre batem metas e que são dispensados mesmo assim.

O assédio moral vem se ampliando também nas agências. A pressão so­bre os bancários aumenta com a amea­ça de fechamento de unidades. “Isto tudo é feito pela diretoria do Itaú, que vai para a imprensa e diz precisar me­lhorar ainda mais o seu índice de eficiência, num claro recado de que quer continuar demitindo. Isto faz muitos tentarem se defender produ­zin­do mais, numa concorrência sel­va­gem”, criti­cou a diretora do Sindicato Jô Araújo.

Maria Izabel Menezes, também diretora do Sindicato, acres­centou que esta competição irracional não resol­ve. “Todos estão no mesmo barco. O importante é estarmos unidos e partici­pando da campanha nacional contra as demissões. Esta é a solu­ção”, argu­men­tou.

O banco também es­tá mu­dando a nomenclatura dos caixas nos pos­­tos de atendimento ban­cário (PABs), passando a chamá-los de agentes de negócio, atribuindo a eles mais funções. Com isto, o Itaú quer impor mais trabalho, aumentando a exploração.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb Rio de Janeiro