O diretor do banco britânico Royal Bank of Scotland (RBS), Stephen Hester, anunciou na segunda-feira (30) que abriu mão de um bônus de quase um milhão de libras (cerca de R$ 2,7 milhões) no seu salário, após pressões políticas no Parlamento da Grã-Bretanha que chegaram a atingir até o primeiro-ministro David Cameron.

Durante a crise financeira de 2008, o RBS foi um dos bancos britânicos que mais precisaram de ajuda do governo para não quebrar. Na ocasião, o governo assumiu 82% do controle do RBS.

Na semana passada, o anúncio de que Hester receberia 963 mil libras em bônus provocou indignação em parte da opinião pública britânica, em um momento em que a economia do país está voltando a ficar no vermelho.

Críticos reclamam que é indecente Hester receber um bônus de quase um milhão de libras depois de o banco ter sido socorrido com dinheiro público, enquanto o governo promove grandes cortes no gasto público, congelando salários de policiais e enfermeiras por falta de recursos.

O premiê David Cameron sofreu pressões para usar o poder do governo dentro do banco para vetar o bônus de Hester. No entanto, o primeiro-ministro disse que deixaria a cargo do diretor do RBS decidir se receberia o dinheiro ou não.

Cameron foi criticado pelo Partido Trabalhista, de oposição, pela atitude. Após a declaração de Cameron, os trabalhistas prometeram colocar a questão do bônus de Hester em votação no Parlamento.

Repercussão positiva

Na segunda-feira, o ministro das Finanças da Grã-Bretanha, George Osbourne, elogiou a decisão de Stephen Hester de abrir mão do seu bônus.

Segundo o ministro, a decisão "sensata e bem-vinda" abre caminho agora para que Hester "se concentre em devolver bilhões de libras aos contribuintes".

O líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband, também elogiou Hester, dizendo que o diretor do RBS "fez a coisa certa".

Hester disse ao editor de Negócios da BBC, Robert Peston, que teria sido um erro deixar um banco semi-nacionalizado lutar pelo bônus de seu principal executivo no Parlamento, quando muitos veem a remuneração como sendo excessiva.

Segundo Peston, se o caso fosse à votação, o bônus provavelmente seria vetado.

O conselho de administração do RBS havia decidido que Stephen Hester merecia o bônus porque o executivo teria fortalecido o banco em sua gestão. O banqueiro assumiu o RBS após a crise de 2008, substituindo Sir Fred Goodwin, que esteve à frente do RBS durante quase toda a década.

No período, o banco teve um grande crescimento financeiro, mas Goodwin caiu em desgraça política, visto por muitos como culpado por decisões que quase levaram à quebra do banco em 2008.

Desde então, Goodwin caiu em desgraça política. No começo do mês, David Cameron anunciou que um comitê está investigando a possibilidade de retirar o título de cavaleiro da Rainha do ex-banqueiro.

Fonte: BBC Brasil

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *