Na prática, uma pessoa que precisa pagar duas passagens por dia, todos os dias da semana, irá gastar R$ 12 a mais por mês. O digitador Cosme Balbino de Moura, 36 anos, está desempregado e disse que precisa andar de ônibus pelo menos três vezes por semana. Para ele, o aumento foi muito alto e poderá comprometer o pagamento de contas no final do mês. “Vai pesar muito no orçamento. Achei reajuste muito alto, tendo em vista o custo de vida aqui em João Pessoa, acredito que vai pesar para muita gente, não é só para mim”, comentou.
Os 10,52% de aumento ficaram bem acima da média da inflação acumulada no ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2010 (que mede a inflação) foi 5,79%. A superintendente de Transportes e Trânsito de João Pessoa (STTrans), Laura Farias, justificou que a definição do preço das passagens de ônibus não está tão atrelada à inflação, mas a uma soma de vários fatores.
De acordo com Laura, a planilha de reajustes é composta por itens como salários dos funcionários, rodagem dos ônibus, média de passageiros por viagem, valor dos combustíveis, tributos e outros custos operacionais. “O índice inflacionário é totalmente atípico com relação aos custos que compõem a planilha”, afirmou.
Para a definição do aumento foram apresentadas duas planilhas, a formulada pela STTrans – que foi aprovada por unanimidade – e uma outra formulada pela Associação das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa (AETC-JP) – que propunha o aumento da passagem para R$ 2,16, mas acabou sendo retirada. Segundo Laura, a passagem dos ônibus opcionais não deverá ser reajustada, permanecendo em R$ 2,10.
O diretor-executivo da AETC-JP, Mário Tourinho, comentou que as empresas de ônibus pediam um reajuste mais alto porque a base de cálculo da rodagem dos ônibus considerada pelos empresários é superior àquela que serviu de base para a STTrans. “A STTrans não considera a rodagem de ônibus que fazem integração no mesmo bairro”, afirmou. “Mas de qualquer forma, este aumento aprovado para nós é um alívio, porque desde que o salário dos funcionários foi reajustado no mês de julho que nós sofremos com a defasagem”, comentou.
DCE faz hoje ato contra decisão
Representantes do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal da Paraíba (DCE-UFPB), que já tinham se manifestado contra o aumento da passagem, não compareceram à reunião de ontem. Conforme nota divulgada pelos representantes da entidade, o diretório não reconhece a decisão do CMTT, pois “em nenhum momento fomos acionados para participar dessa reunião ou fomos informados da pauta”, apesar de possuirem assento no conselho.
O diretório informou também “que semanas atrás realizamos um ato na reunião deste mesmo conselho e exigimos que qualquer discussão acerca do aumento das tarifas fosse realizada somente com o início do período letivo, o que possibilitaria um maior envolvimento dos estudantes nessa discussão”.
No documento divulgado, o DCE exigiu a anulação da decisão do Conselho Municipal de Transportes e Trânsito e afirmou que vai realizar, amanhã, um ato no Terminal de Integração para dialogar com a população sobre a situação do transporte coletivo na capital.
No mesmo momento em que o reajuste foi aprovado, a AETC-JP assinou um termo de compromisso em que se responsabiliza por substituir 50 ônibus por veículos novos, construir novos abrigos nas paradas de transporte coletivo e construir o terminal do bairro de Mangabeira.
Fonte: Jornal da Paraíba / Natália Xavier