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Crédito: CUT
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Arthur Henrique, presidente da CUT, em frente da Justiça Federal

Com bateria de escola de samba, carro alegórico – com leão e rugido – e um mar de faixas e bandeiras, a Central Única dos Trabalhadores e as demais centrais sindicais ocuparam a Avenida Paulista, nesta terça-feira (18), em defesa do aumento do salário mínimo para R$ 580 e do reajuste da tabela do Imposto de Renda.

O Dia Nacional de Luta, que se espalhou por outras 20 capitais, começou em São Paulo com concentração às 10 horas no vão livre do Masp, onde o colorido da diversidade das centrais dava o tom para o que foi, nas palavras do secretário de Administração e Finanças da CUT e ex-presidente da Contraf-CUT, Vagner Freitas, "o primeiro passo da grande batalha".

"A presidenta Dilma foi eleita com um discurso de acabar com a miséria até 2014 e a política social mais importante, com mais alcance, é a valorização do salário mínimo. Por isso é necessário que o governo receba as centrais e reabra o processo de negociação. Nossa reivindicação é pela continuidade da política de ganho real, é pelos R$ 580,00", frisou.

Durante o percurso até a Justiça Federal, do alto do carro de som, o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, condenou a postura da equipe econômica que, desrespeitando o processo de diálogo construído ao longo do governo Lula, "não chamou para negociar, o que é um retrocesso". "Estamos aqui reivindicando a valorização do salário mínimo para R$ 580,00, que é um poderoso instrumento de distribuição de renda, pois alcança 47 milhões de trabalhadores, aposentados e pensionistas, e cobrando a imediata correção da tabela do Imposto de Renda", frisou.

Artur lembrou que 97% dos sindicatos conquistaram aumento real no último período e uma parte pulou de faixa de contribuição, fazendo com que o dinheiro a mais, ganho pelo trabalhador, fique com o leão da Receita. "Queremos que este dinheiro vá para o bolso do trabalhador, pois isto reverte em consumo, com o comércio e a indústria vendendo mais, com a economia andando pra frente", enfatizou Artur.

Condenando a concepção expressa pelo ministro Guido Mantega, que alega que o problema para o aumento do mínimo é a inflação, o líder cutista disse que está "é a agenda dos derrotados, do pessoal que acha que tem de segurar a economia falando em redução de custo, em diminuição do papel do Estado". "Salário mínimo não é dificultador, ele ajuda no combate à crise, como já ficou fartamente demonstrado", asseverou o presidente cutista.

Para Antonio Neto, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), "a unidade das centrais é para fazer com que o nosso país cresça aplicando uma política de correção do salário mínimo, com ganhos reais, até 2023". A diferença entre o salário de um juiz do Supremo Tribunal Federal, de R$ 27 mil, e o de um trabalhador, atualmente de R$ 510, é de 52 vezes, lembrou. "Quem perdeu as eleições quer pautar a política econômica, abandonando a valorização conquistada durante o governo Lula. Estamos aqui para dar uma força para a Dilma manter o caminho acordado", declarou Neto.

O presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) disse que neste início de governo "os burocratas estão dando muito trabalho, não deixando ninguém chegar perto da presidente". Paulinho também reiterou a necessidade da abertura de negociação com o governo, mas convocou os trabalhadores a continuarem mobilizados, para fazer pressão em cima do Congresso Nacional e também do Judiciário, a fim de fazerem suas reivindicações serem atendidas.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), conclamou as centrais sindicais a continuarem unidas e mobilizadas para que seja implementada a política vencedora nas últimas eleições, "e não seja adotada a pauta dos derrotados, de arrocho salarial e Estado mínimo".

O secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Canindé Pegado, defendeu que "é inadmissível termos os salários vilipendiados, achatados", reiterando a necessidade da continuidade da política de ganhos reais. Ao mesmo tempo Pegado lembrou que "desde 94 a tabela do Imposto de Renda encontra-se defasada, o que faz com que milhares de trabalhadores percam o seu poder de compra com as patadas do leão da Receita".

O presidente estadual da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), Luiz Gonçalves, lembrou que o aumento real do salário mínimo é o caminho para o desenvolvimento com justiça social. Na contramão, frisou, está a não correção da tabela do Imposto de Renda, que esfumaça o dinheiro conquistado pelo trabalhador.

Ao final da manifestação, os representantes das centrais protocolaram na Justiça Federal uma ação para a correção da tabela do Imposto de Renda, defasado em cerca de 70% desde 1995.
Também participaram do ato o deputado federal Carlos Zaratini e o deputado estadual eleito Luiz Cláudio Marcolino, ambos do Partido dos Trabalhadores.

No próximo dia 24, quando é celebrado o Dia dos Aposentados, as centrais voltam a realizar manifestações. Desta vez com foco no aumento dos benefícios dos oito milhões de aposentados e pensionistas que recebem acima do salário mínimo. "É uma questão de justiça, de compromisso com a distribuição de renda", concluiu o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas (Sintapi/CUT), Epitácio Luiz Epaminondas (Luizão).

No dia 30 de janeiro, o Sintapi também realizará um novo ato em Aparecida do Norte.

Fonte: Leonardo Severo e Luiz Carvalho – CUT

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