O governo passou a se preocupar com o tema desde que, com a queda na taxa básica de juros, a Selic, os fundos de investimento perderam atrativos frente à poupança, que é isenta de imposto e garante rendimentos de 0,5% acima da TR (taxa de referência, calculada com base na taxa média de juros dos bancos).
Lula deixou claro que a questão da poupança é delicada e por isso exige muito trabalho da equipe econômica que está cuidando do assunto “com carinho”. “Se não fizer a poupança, pelo menos, ajustada às taxas básicas de juros do país, pessoas que têm muito dinheiro em vez de aplicar em fundos de investimento vão correr para a poupança… E poupança é para cuidar das pessoas mais pobres, para evitar que o dinheiro das pessoas seja corroído; não é fundo de investimento”, completou o presidente.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e sua equipe estudam fórmulas para reduzir o rendimento da caderneta evitando que ela se torne mais atrativa que outras alternativas de investimento. Mas, já adiantou, os pequenos investidores da poupança não terão prejuízos com as mudanças. “Mais de 90% das cadernetas têm menos de R$ 20 mil. Esses serão absolutamente resguardados e protegidos”, disse Mantega. “Certamente não vamos prejudicar os poupadores da poupança. Ela é uma instituição nacional da maior importância, protege o aplicador. Mas vamos fazer uma adaptação às novas condições de mercado”, destacou o ministro. “Vamos proteger os aplicadores de menor renda, mas não podemos permitir que haja um fluxo de grandes investidores saindo de outros ativos para a caderneta de poupança”, destacou Mantega, em fala que faz coro à de Lula. “Vamos tomar cuidado, senão daqui a pouco tem gente tirando R$ 50 milhões, US$ 60 milhões e querendo aplicar na poupança, e você mata a poupança”, argumentou o presidente.
Fonte: SEEB – SP, com Valor Econômico e Folha de S.Paulo