"O BRB é nosso, é do DF" foi o mote da campanha que o conjunto das bancárias e bancários fizeram, em vários graus e instâncias, ao longo desses dois anos, desde que o governador declarou sua intenção de privatizar o banco, no primeiro semestre de 2007.

Temos a convicção de que a força coletiva uni-da, mais as ações do Sindicato dos bancários de Brasília junto à sociedade, à Câmara Legislativa do DF, junto ao secretariado do GDF e ao próprio governador, entre outros agentes políticos e econômicos, barrou a intenção privatista.

A conseqüência, uma vez dada a fixação em fazer caixa com a venda, foi a procura do governador e o estabelecimento públicos de tratativas com o BB, que evoluíram para uma probabilidade grande, quase irreversível, de objetivação.

Configurou-se para a categoria, não sem muito debate e posições diferenciadas, uma convergência de entender a então provável incorporação como uma alternativa menos pior, ou menos melhor, conforme a interpretação.

Hoje, diante das declarações públicas, em mais uma gritante contradição do governador, a respeito de desfazer as negociações com o BB e permane-cer com o BRB, a probabilidade se inverteu.

Com a amplitude da declaração, na voz do governador e na imprensa, é alvissareiro que o nosso banco do DF permaneça público, não obs-tante não haver, até a noite desta segunda feira 20, chegado ao Sindicato a informação definitiva quanto a uma formalização junto ao BB, ou ao mercado, da desistência do negócio.

Ao recapitularmos, contudo, a série de contorsivas contradições, inclusive lógicas, do go-vernador sobre suas proposições para o banco, embora não só quanto a ele, como sabe qualquer pessoa que tenha memória mediana e acompanhe minimamente o noticiário e a vida política do país e da cidade, se apresentam de pronto algumas observações e questões que, caso efetivamente confirmada a permanência do Banco de Brasília enquanto tal, estarão postas para os funcionários/as, clientes, população, agentes políticos, enfim, para a sociedade e o povo do DF.

1) Arruda declarou expressamente na campanha eleitoral a manutenção e a valorização do BRB e seus funcionários.

2) Logo após eleito, teve duas diretorias sob sua responsabilidade, cujos presidentes saíram do banco presos, e deixaram rastros de temeridades impactantes.

3) Declara então querer privatizar um banco, que, como nunca escondeu, para ele não tinha função sob a alçada do seu Governo.

4) Sabendo da resistência do Sindicato, da categoria, de todos os beneficiários pela performance histórica e prezada pela sociedade de todo o DF, desiste de privatizar, e propõe a venda ao banco federal, para amenizar o alcance da venda.

5) Numa incompetência imprudente e tergiversante, as negociações se arrastam por anos, prejudicando a todos, aumentando o estresse e a ansiedade, num caso inédito de desconsi-deração de um governante por uma instituição bancária e seus funcionários e usuários.

6) Quando todos os elementos levavam ao desfecho, após idas e vindas do governador, surpreendentemente Arruda vem novamente a público, de súbito, declarar não mais vender o banco, e que tem muitos novos projetos para o BRB como agente público.

Algumas questões que não querem calar:

a) Por que o governador oscilante não consegue firmar uma posição coerente quanto ao BRB desde o início?

b) Será que privilegiou jogar com o banco, em vários sentidos, em detrimento de uma análise séria e respeitosa para com as funções de uma instituição histórica presente há décadas em todas as cidades do DF?

c) Será que o estabelecimento de tão demoradas tratativas deveram-se à inoperância política do governador e das cinco diretorias que passaram pelo banco sob seu governo, e não à atuação do BB,como declarou Arruda (DEM), talvez transferindo responsabilidade? Apenas como comparação, vale olhar para a decisão e agilidade de seu colega muito afim, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), quanto à venda ao mesmo BB, em três meses, da Nossa Caixa.

d) O governador alegou, em plena contradição lógica, que não efetuou a venda devido à defasagem do preço desejado e o ofertado, e, ao mesmo tempo, disse que o BRB estava renovado e apto para exercer crédito e servir para os atuais e novos projetos de interesse do governo.

e) Como justificar os custos com consultorias contratadas para embasar a possível venda?

Por essas constatações iniciais, deve-se aumentar a atenção dos funcionários, e do povo de Brasília e das cidades, verdadeiros donos da empresa pública:

Se atingido o preço querido, o banco seria vendido, e esquecidas as suas funções públicas mencionadas na campanha eleitoral e recentemente?

Se o banco pode, poderia, poderá cumprir tais funções, por que tratar de vende-lo, seja na tentativa de privatizar, seja ao BB, ainda mais com tal recorde de demora, descaso e descuido com a coisa pública, além de falta de tino político de decisão governamental e/ou interesses outros?

O que garante que, embora menos provável até o novo calendário eleitoral( 2010), o go-vernador Arruda, e seus grupos de aliados políticos, não venham a propor a venda do Banco pelo valor a eles apetecível, esquecendo o discurso conveniente e de ocasião quanto ao – para nós – inquestionável valor e viabilidade do BRB enquanto banco do povo do DF?

Todas essas considerações colocam as bases para redobrar o trabalho do Sindicato dos bancários de Brasília, colado aos bancários/as do BRB e de toda a categoria, com a atenção e envolvimento dos outros servidores e trabalhadores, empresários produtivos, clientela e usuários em geral, numa campanha com o sentido de fiscalizar a pente fino a atuação do governo sobre o banco. Há que se acompanhar também o desempenho real de sua diretoria atual, que tem parte considerável de indicações políticas sem lastro técnico, as operações, o crédito, os novos negócios, os patrocínios, a publicidade, os contratos com terceiros, etc. Enfim, toda a gama de mecanismos/artifícios que, já vimos esse filme queimado, pode servir para a má-utilização política dessa instituição que sobrevive com sete fôlegos, pois preferida e respeitada pela população e calcada no trabalho, na dedicação, no empenho cotidiano de seus empregados/as, principais responsáveis pela força do BRB no mercado, na sociedade, no dia-a-d ia do serviço ao público.

Que permaneça o BRB! Um BRB saudável, a serviço do bem público.

Que o governador Arruda, em que pese sua tradição de declarações e atitudes contraditórias, muitas vezes beirando a insistência em meias-verdades ou verdades que não se sustentam, honrando sua função de chefe do Executivo, deixe muito claro o que seu governo afinal propõe para o BRB; e não ficaria mal a humildade devida pelo reconhecimento de mais um erro, de que esperamos, ele tenha se arrependido.

Mas como reza a tradição, e os bancários/as do BRB nunca fugiram às lutas, permaneçamos "orando, agindo e vi-gi-an-do"!

Fonte: Seeb Brasília, com Coletivo do BRB