Por Delúbio Soares(*)

Os brasileiros construíram ao longo de mais de meio século uma das maiores empresas do mundo. Em verdade, foi bem mais que isso. Nosso povo acreditou em seu próprio país, recusando-se a aceitar a balela de que estaria fadado a uma eterna dependência externa, buscando sua auto-suficiência energética em nosso riquíssimo território. Hoje aquele entusiasmo cívico, impulsionado por um misto de teimosia juvenil com coragem desassombrada, que tomou as ruas, encheu praças, levantou os quartéis e as universidades ao mesmo tempo, uniu civis e militares, mostrou a face nacionalista de nossa gente, é traduzida em realização, trabalho e sucesso.

A Petrobrás é fruto do que de melhor o povo brasileiro possui em sua formação. Ela traduz, em sua trajetória de sucesso e conquistas, a imagem de um povo guerreiro e vencedor. Ela nasceu de um movimento cívico que uniu o país em torno do Estadista Getúlio Vargas, que enfrentou poderosos interesses internacionais e, num dos maiores momentos de toda nossa história, criou a que hoje é, de longe, a maior empresa brasileira, a maior empresa da América Latina, a quarta maior empresa de energia do mundo e a oitava maior empresa por valor de mercado de todo o mundo.

Poucos antes que Getúlio criasse a Petrobrás, um célebre engenheiro norte-americano, Mister Link, chamado ao Brasil pela UDN (os tucanos da época), apresentou uma série de quatro pareceres onde “provava” por a + b, com farta argumentação e recheando com números e cálculos a sua pantomima, que “no Brasil não há Petróleo”. A imprensa da época dedicou-lhe manchetes e abriu espaços para entrevistas e Mister Link virou figurinha carimbada, tal qual uma trombeta do apocalipse, acolitado por maus brasileiros e sendo usado para que nos conformássemos com nossa suposta pobreza de recursos minerais. O “Relatório Link” foi brandido e usado como o grande argumento contra Getúlio e os defensores da Petrobrás, que estariam gastando dinheiro público, perdendo tempo, fazendo baderna, utilizando-se da questão petrolífera como trampolim eleitoral através da histórica campanha de “O petróleo é nosso”, etc…

Desde os anos 30, como um profeta pregando no deserto, o genial escritor Monteiro Lobato, uma das grandes figuras de nossa literatura e de nossa história, empreendeu por conta própria uma campanha em favor do petróleo, onde garantia exatamente o oposto do que anos depois o mentiroso engenheiro norte-americano tentaria nos impingir como verdade absoluta. Nessa cruzada quase solitária, quando o petróleo era um tema distante e pouco conhecido naquele Brasil ainda rural, Monteiro Lobato perdeu a saúde e ficou pobre, gastando a maior parte de seus direitos autorais no financiamento das atividades em defesa de um sonho. Mas o que seriam dos povos se não fossem os sonhadores? O primeiro poço de petróleo, no recôncavo baiano, recebeu o nome do notável escritor e patriota, e ali jorrava não só o óleo negro e viscoso, mas a prova monumental de que Dona Benta, o Marques de Sabugosa e Emília eram obra da imaginação e do talento do escritor, mas o petróleo era realidade antevista pelo visionário.

 

De sua criação até os dias de hoje a Petrobrás tem sido um motor do desenvolvimento nacional. Empresa que jamais faltou aos brasileiros, não regrediu, sempre avançando, sempre se aprimorando, sempre dando o melhor de si para estar à frente de seu tempo e vencer o desafio de nossa auto-suficiência petrolífera. E vencemos. Esmerou-se por formar quadros do mais alto nível, de qualificação impecável, insuperáveis até mesmo em suas maiores concorrentes internacionais, tendo hoje pessoal formado dentro das mais estritas normas técnicas e operacionais, tendo pessoal que a gerencia e que toca adiante a empresa que leva o Brasil em seu nome. É bem verdade, que no governo FHC, no pior momento da história da Petrobrás, quando a empresa experimentou prejuízos nunca dantes experimentados, chocou-se com o afundamento trágico da plataforma P-36 e a perda de valorosos funcionários, aquele governo do PSDB determinou que o nome da empresa fosse mudado para “PETROBRAX”, o que seria o primeiro passo para a sua danosa venda. A reação dos brasileiros foi tamanha, que o absurdo acabou por não se consumar, apesar de todo o empenho do governo de então.

 

Com a posse do presidente Lula e a nova política para o setor energético, a Petrobrás alicerçou sua gestão em novos paradigmas, como o aumento da produção e a manutenção dos preços, além de reforçar sua sólida presença nos 28 países onde atua. A crise mundial de fins de 2008, não só não afetou a performance de nossa maior empresa como, depois dela, a tivemos ultrapassando outras gigantes como a mexicana PEMEX e a venezuelana PDVSA, cujos países, inclusive, são tradicionais produtores e membros da OPEP.

 

A importância da Petrobrás pode ser medida não só por seu papel histórico em nosso desenvolvimento e pelo carinho que todo brasileiro sente por esse patrimônio que é nosso e tanta luta nos custou, mas por números que traduzem o grau de presença em nossa vida nacional: o investimento da empresa no período 2010/2014 será de US$ 224 bilhões. Num cálculo interessantíssimo, a excelente revista América Economia, chegou aos US$ 28,4 mil a cada vinte segundos!

 

Com o pré-sal, a imensa reserva cuja exploração foi impulsionada pela firme decisão do presidente Lula e teve resposta imediata no entusiasmo da Petrobrás e do seu brilhante pessoal, nossa estatal petrolífera viverá um ciclo que poderá fazer dela, dentro de poucas décadas, talvez a maior empresa de energia do planeta. É um desafio e devemos aceitá-lo com a certeza de que podemos vencê-lo.

 

A produção da Petrobrás chegará aos cinco milhões de barris diários em 2014, em estimativa conservadora de sua diretoria. Em 2009, o crescimento foi de 5%, considerado excelente no mercado internacional.

 

Desde que o governo Lula conseguiu reerguer a empresa seriamente prejudicada pelos descaminhos da gestão anterior, a Petrobrás tem dado mostras de que é a mesma empresa que brotou do coração dos brasileiros e por eles trabalha. Os brasileiros, conscientizados pelo inesquecível Monteiro Lobato, tiveram em Getúlio o criador da Petrobrás, com coragem e descortino. Agora tem Lula o seu consolidador, quem com firmeza e competência vem dando-lhe a musculatura de grande, moderna e vitoriosa empresa brasileira do século XXI.

 

(*) Delúbio Soares é Professor.

Fonte: www.delubio.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *