Na noite desta terça-feira (14), o Sindicato dos Bancários empossou os delegados e as delegadas sindicais do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste do Brasil em uma solenidade virtual, com participação de representantes de base eleitos, da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Nordeste (Fetrafi-NE), membros das comissões de empresa do BB, Caixa e BNB e a diretoria da entidade anfitriã.
Os trabalhos foram coordenados pelo presidente do Seeb – PB, Lindonjhonson Almeida, que saudou os presentes e ressaltou a importância dessa força que vem da base. “O Brasil passa por um momento muito delicado, com constantes ameaças à democracia, agressão do presidente Bolsonaro aos membros da suprema corte, retirada de direitos da classe trabalhadora, descaso com a pandemia, tentativa de legalização das fake News, ataques aos servidores públicos e fatiamento das empresas estatais fundamentais para o soerguimento do país no pós-pandemia e a categoria bancária ameaçada de voltar ao trabalho presencial a toque de caixa são alguns dos desafios que estamos enfrentando. Ainda bem que contamos com o reforço da atuação de delegados e delegadas sindicais em suas bases para resistirmos a todos esses ataques. Sejam bem-vindos e bem vidas, companheiros e companheiras de luta!”, arrematou.
Carlos Eduardo, presidente da Fetrafi-Ne, que se dividiu entre as posses simultâneas de delegados sindicais na Paraíba e em Alagoas, deu ênfase à importância dos delegados e delegadas sindicais, que têm um papel fundamental na luta histórica da categoria.
“É sempre uma honra participar dos eventos de um sindicato forte e combativo, que é referência na organização por local de trabalho. Estão de parabéns todos os delegados e todas as delegadas que assumem essa missão difícil, tanto os/as reeleitos/as, os/as que estiveram afastados/as e agora voltam a representar suas bases e os/as de primeiro mandato, que chegam para oxigenar essa desafiadora luta pela preservação dos direitos, justamente em uma conjuntura totalmente desfavorável à classe trabalhadora. Na história de lutas dos trabalhadores brasileiros, a conjunção de conquistas tem uma relação direta com a conjuntura. Quando não temos democracias consolidadas a gente consegue perceber claramente que na história do país é muito mais difícil estabelecer conquistas sociais. Quando não temos crescimento econômico nós também temos muito menos referências de conquistas na classe trabalhadora. Quando temos democracia e crescimento econômico, ainda assim enfrentamos a disputa para que haja justiça social, para que haja combate à desigualdade. Ou seja, a nossa luta é sempre árdua e precisamos da força da base, que vem através do trabalho de delegadas e delegados sindicais”, enfatizou Carlos Eduardo.
A secretária de finanças da Fetrafi-NE e representante do funcionalismo do BB, Sandra Trajano, também ressaltou a importância da posse dos/as delegados/as de base. “O Sindicato dos Bancários e as delegadas e delegados eleitos/as para representarem suas respectivas bases estão de parabéns. É louvável essa disposição em dedicarem parte de seu tempo para a luta coletiva, juntamente com a entidade representativa da categoria, principalmente nesse momento de tantos ataques à classe trabalhadora e às sucessivas tentativas de sucateamento e privatização das empresas públicas, entre elas as instituições financeiras oficiais das quais fazemos parte. Muito obrigada por se juntarem a nós nessa resistência”, disse a diretora do Seec-PE.
Fabiana Uehara Proscholdt, coordenadora da CEE/Caixa e diretora de cultura da Contraf-CUT, saudou delegadas e delegados sindicais eleitos e manifestou sua alegria em contar com esse reforço na luta da categoria, principalmente na luta contra os ataques sistemáticos aos serviços e instituições públicas com ênfase nos ataques à Caixa Econômica Federal.
“Me solidarizo com os companheiros e companheiras que vão atuar no BB e BNB, mas vou focar na responsabilidade de delegadas e delegados da Caixa Econômica Federal, que vem sendo duramente atacada pela sanha privatista de Bolsonaro e Pedro Guimarães. Nossos problemas são enormes e vão desde às inverdades disseminadas nas viagens do presidente da instituição financeira pelo país afora, até o fatiamento do nosso banco público que é fundamental para o desenvolvimento do Brasil, mas que tem seus ativos vendidos a preço vil e isso vai trazer prejuízos enormes para a sociedade, para o funcionamento da Caixa e num futuro próximo também vai impactar a vida dos/as empregados/as. Nós temos um contingente gigante de atendimentos a ser feito, metas cada vez mais abusivas e desumanas, cobranças atreladas ao cumprimento de metas que nos submetem a uma GDP, que retrocedeu uns 20 anos, que contempla a curva forçada, ou seja, que 20% dos empregados devem ser considerados com desempenho ruim e isso vai impactar na vida funcional e na qualidade de vida de cada um de nós. Atingir 100% da meta é o mínimo esperado, pois somos pressionados a atingir até 150% das metas. E a sopa de letrinhas nos levam à loucura com tantas cobranças e com o quadro funcional defasado em pelo menos 14.000 postos de trabalho. E para complicar ainda mais nossa vida, a nossa participação nos lucros e/ou resultados (PLR) foi paga pela segunda vez reduzida à metade do que consta no nosso Acordo Coletivo de Trabalho. As sucessivas mudanças na estrutura do Saúde Caixa – que vem passando de uma diretoria para outra, inclusive sendo tratada por serviço terceirizado – está sendo sucateada e a nossa saúde está sendo ameaçada. O nosso plano de saúde é referenciado, mas por conta de estar sendo tratado dessa forma terceirizada já têm muitos profissionais da saúde se descredenciando por problemas nos prazos de pagamentos. Estamos em debate constante com a empresa sobre todos os assuntos, em diversos fóruns, mas a defesa dos trabalhadores só pode ser representativa de fato se as pessoas tiverem consciência do que está ocorrendo, estivermos unidos e participando dessas lutas. O nosso momento não é só de resistir e sobreviver com os nossos direitos, pois a gente precisa defender um país melhor. Defender um país melhor é defender os bancos públicos, os serviços e as empresas públicas e, consequentemente, defender nossos direitos e nossos empregos. No caso de privatização de nossas empresas, nenhuma empresa privada vai manter os direitos que conquistamos ao longo da história. É uma briga corporativa, mas também passa pela briga pela sociedade, porque aqui estão representados bancos extremamente importantes e é através dos bancos públicos que a gente diminui a desigualdade desse país. Eu acredito muito na força do movimento e na participação de cada um de nós. Juntos, nós somos mais, vamos sobreviver até o ano que vem e vamos mudar esse desgoverno que está acabando com o nosso país”, conclamou Fabiana Prosholdt.
O secretário geral da Contraf-CUT e membro da Comissão Nacional dos Funcionários do BNB (CNFBNB), Gustavo Tabatinga, falou da importância da interação do Sindicato com os delegados e delegadas de base, parabenizou os eleitos e eleitas e pediu licença para destacar os ataques que colocam em risco a sobrevivência do Banco do Nordeste do Brasil.
“Independente de todas as lutas que travamos diariamente em defesa dos direitos da categoria, dos serviços e das empresas públicas, eu chamo a atenção dessa plenária para a Medida Provisória (MP) 1052 que está literalmente acabando com o Banco da Amazônia (BASA) até 2022 e tem o BNB na mira para sacrificá-lo até 2026, caso a gente não consiga barrar a aprovação dessa medida provisória, que perderá a validade dentro de 15 dias. E não vai ser preciso nem os privatizar, mas apenas inviabilizá-los, pois pela MP vai reduzir a remuneração da taxa de administração do Fundo Constitucional, emprestar recursos de terceiros com o risco ficando por conta do banco e forçar o BNB a só emprestar com garantias reais para todos os financiamentos. Na prática, é o fim do Banco do Nordeste, que perde a sua essência de fomentador do desenvolvimento regional. E banco não tem coração, tem cofre; se tirar o dinheiro, ele morre. Por isso, temos de agir rápido para salvarmos nossos bancos regionais”, concluiu Gustavo Tabatinga.
Aberta à participação da plenária, vários diretores e diretoras do Seeb-PB chamaram a atenção para a importância de a categoria participar ativamente do processo eleitoral do ano vindouro, não só para a eleição presidencial, mas também para a importância de elegermos deputados e senadores comprometidos com a classe trabalhadora, a democracia, a defesa do patrimônio público e as empresas estatais.
O delegado sindical Luiz Cláudio, reeleito para representar os/as colegas da agência Manaíra Shopping, do Banco do Brasil, chamou a atenção dos/as novos/as delegados/as sindicais para a importância da empatia. “Eu sei como é grande a vontade de agirmos em defesa dos nossos direitos e contra as injustiças cometidas contra nossos/as colegas, porque foi para isso que fomos eleitos/as. Mas, quando formos procurados por alguém em busca de ajuda, devemos agir com cautela, serenidade e paciência, pois a pessoa que tem um problema precisa ser acolhida, ouvida, valorizada e orientada”, aconselhou.
O encerramento do evento se deu com a leitura nominal dos delegados e delegadas sindicais do BB, Caixa e BNB, que foram declarados oficialmente empossados pelo presidente do Seeb – PB, Lindonjhonson Almeida.