Para o presidente do Sindicato, Arilson da Silva, que também é funcionário do extinto Real, hoje, Santander, neste contexto estão envolvidos vários fatores, entre eles, a própria lentidão do sistema e o caos que vem sendo gerado dentro das agências do banco. "Faltam monitores para orientar os clientes e funcionários sobre o funcionamento do novo sistema, o que além de provocar indignação, também está prejudicando os bancários, que estão cada vez mais sobrecarregados, isso, sem falar nas metas, que são cada vez maiores", afirma.
O início da fusão das operações entre o ABN Real e o Santander começou em agosto de 2008, quando foi anunciada a demissão de 400 funcionários do grupo. Em outubro do mesmo ano, o Santander anunciou seu plano estratégico para 2008/2010, quando o então presidente mundial do banco, Emílio Botin, afirmou que a integração Santander-Real não seria uma reestruturação, mas um projeto de crescimento, com a ampliação do número de agências em 400.
"Quase três anos se passaram e até agora, o que temos visto é uma sequência de fatos desagradáveis, entre eles, a precarização e a falta de condições de trabalho nas agências do Santander. Por isso, o movimento sindical, seja em nível estadual ou nacional, não irá virar as costas para essa situação que envolve milhares de trabalhadores que hoje estão sobrecarregados, nas agências do Santander", conclui Arilson da Silva.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo (SEEB-SP) Marcelo Pereira de Sá, os problemas que antes já eram grandes no Santander, tomaram dimensões muito maiores, depois da fusão com o Real. "A maioria dos problemas é causada pela falta de funcionários no banco, que é agravada ainda mais, pelas deficiências no sistema operacional", explica.
O dirigente sindical da maior cidade do país também explica que em São Paulo a questão do Santander é tão complexa que caberia greve. "O movimento sindical tem tentado manter a conversação com o banco, e assim, estabelecer um processo de negociação, mas, assim que alguns ajustes são feitos, outras situações logo acontecem e muita coisa fica sem solução", afirma.
Na capital de Mato Grosso (Cuiabá), dentre as denúncias que têm chegado ao Sindicato estão também, as relacionadas à falta de monitores nas agências com conhecimento do sistema operacional do Santander, o que interfere diretamente no atendimento. Conforme relato da diretora do SEEB-MT Nice Pereira, "tudo é totalmente novo e a falta dos monitores para instruir tanto os funcionários, assim como os clientes, está provocando um alto nível de stress no ambiente de trabalho, já que os clientes têm as dúvidas, mas os funcionários não estão conseguindo saná-las", reforça.
Ela relata que já são comuns os casos de funcionários que estão querendo sair do banco devido a pressão, ao assédio moral e a indisponibilidade de soluções. "Há poucos dias, um cliente chegou a agredir uma das funcionárias que atuam no setor "Posso Ajudar?" do banco", relata. A situação foi motivada porque o cliente não identificava a migração das aplicações que antes eram do Real, para o Santander. "Na transação financeira, o sistema migrou apenas a conta do cliente e deixou para trás as aplicações", diz Nice Pereira.
Posso ajudar?
Além de todos esses problemas em Cuiabá e em outras localidades, o Sindicato questiona o Santander terceirizar os serviços de Posso Ajudar? prestados no setor de auto-atendimento, já que esses trabalhadores, não são funcionários do banco.
Essa mesma postura de terceirizações ou trabalho temporário é também registrada no Santander em Salvador (BA), onde o banco terceirizou o trabalho de 140 caixas, numa ação intitulada "Projeto Verão", comum em todas as cidades litorâneas do país. Porém, em Salvador, essa atitude do banco motivou o Sindicato daquele Estado, a denunciar o caso à Superintendência Regional do Trabalho.
Segundo Marcelo Pereira Sá, os bancos não podem contratar trabalhadores temporários. "Todos devem ser contratados", reforça. Para ele, essa ação é totalmente imoral.
Para o presidente do SEEB-MT, o Santander precisa valorizar mais seus trabalhadores, especialmente, oferecendo melhores condições de trabalho. "O Santander obteve um dos maiores lucros do sistema financeiro no Brasil (mais de R$7 bi em 2010) e diante deles, a valorização de seus funcionários torna-se inquestionável", finaliza Arilson da Silva, que também é coordenador da Comissão de Empregados do Santander (COE) na Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec/CN).
Fonte: Seeb MT