O presidente do PTB, Benito Gama, reuniu-se na quarta-feira (5) com a presidenta Dilma no Palácio do Planalto e ontem (6) com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ocasiões em que foi confirmado como o novo nome do cargo. Ele assumirá vaga aberta por César Borges (PR-BA), que assumiu o Ministério dos Transportes.

Após encontrar Mantega, Benito Gama foi a São Paulo se reunir com o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para acertar os últimos detalhes. A data da posse ainda não está fechada, pois seu nome precisa ser aprovado pelo conselho de administração do banco.

A turbinada de Dilma nesta vice-presidência fará com que ela assuma, além do caráter político que lhe é característico – relação com governadores e parlamentares – alguns projetos executivos.

Em conversa com o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, Benito Gama disse que a tendência é de que ela tenha em mãos investimentos “em grandes projetos nacionais, como alguns aeroportos e em grandes armazéns”.

O motivo da “turbinada” é que o PTB, apesar da confirmação de Gama no BB, continua tendo por meta assumir um ministério. Mas Dilma não tem nenhum, por ora, para ceder. O que ainda não garante com plenitude o partido na campanha da reeleição da presidente.

“A indicação nos coloca no governo oficialmente, com viés de apoio em 2014. É o primeiro passo. Mas o partido precisa de cargo com visibilidade política, um ministério, algo que ela [Dilma] não tem disponível ainda. Outros partidos menores que o nosso têm ministério. Há um combinado de ver isso mais para a frente, nesse governo ainda”, disse Gama.

É improvável, contudo, que esse primeiro passo afaste o partido da base de apoio de Dilma em 2014. Questionado se haveria ainda a hipótese de o PTB fechar com a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) ou ainda a eventual candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), Gama disse que o partido “não fará leilão”. “Não vamos fazer leilão, ficar com o pé em duas canoas, valorizar passe. Essa estratégia não é boa. O que há é um sinal claro de apoio em 2014.”

Por trás desse discurso, há dois obstáculos claros dentro do partido que pode impedir a aliança com o PT em 2014: Roberto Jefferson e Campos Machado. O primeiro é presidente licenciado do PTB, delator do mensalão e desde então contrário à aliança com o PT.

O segundo é deputado estadual em São Paulo e presidente regional da legenda. Tem afinidade com o PSDB, que lançará Aécio presidente e pode dar um palanque paulista para Campos, pois o governador Geraldo Alckmin (PSDB) negocia ceder a vice ao PSB. Se ambos se unirem internamente contra a ala nordestina da legenda, mais ligada ao petismo, podem tirar o PTB do PT em 2014 ou mesmo deixá-lo neutro.

Mas se forem por esse caminho, terão de negociar muito. O PTB nordestino acredita que a onda petista na sigla é irreversível, ainda mais depois que o Palácio do Planalto deu todos os sinais de que irá apoiar o senador Armando Monteiro (PE) ao governo de Pernambuco em 2014. Para completar, a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), deve deixar a oposição e migrar para o PTB.

Fonte: Caio Junqueira – Valor Econômico