Convocada pela deputada federal Erika Kokay (PT/DF), a audiência, que contou com a presença de dirigente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), cobrou esclarecimentos sobre privatizações de áreas rentáveis e estratégias do banco, processo de reestruturação em curso, além do enfraquecimento da empresa estatal, que está sendo fatiada comprometendo o papel social que a Caixa desempenha desde 1861.
Segundo Jair Ferreira, presidente da Fenae, mesmo que tenha dito que abrir o capital não é privatização, fica clara a intenção de enfraquecer a empresa, que deixará de ser 100% pública para atender a interesses de acionistas.
Contratação de 800 empregados é insuficiente
Durante a audiência o presidente da Caixa anunciou a contratação de 800 empregados, que se somarão aos cerca de 2 mil PCDs (pessoas com deficiência) contratados recentemente. “Diante de forte mobilização e luta dos empregados da Caixa, a estatal anuncia a contratação de mais 800 pessoas. Trata-se de um número consideravelmente baixo, perto do número de demitidos pela Caixa de todo o país. A contratação dos PCDs, que foi recomendada pelo Ministério Público ainda não atende ao percentual exigido por lei. Devemos continuar a luta por mais contratações e intensificar ainda mais as mobilizações. Só assim, avançamos com as nossas pautas de reivindicações e garantimos direitos conquistados”, destacou o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal (CEE/Caixa), Dionísio Reis.
Para Dionísio o anúncio destas contratações não supre a demanda reprimida das agências e mesmo somado nem sequer repõe as três mil demissões ocorridas só neste ano. A questão do número de funcionários é um dos principais problemas enfrentados hoje pelos empregados da Caixa. Em 2014, o banco contava com 101 mil trabalhadores e um déficit de 2 mil. Agora, tem 84 mil – 17 mil a menos.
Processo de reestruturação ameaça empregados da Caixa
O processo de reestruturação em curso adotado pelo banco unilateralmente ameaça o desligamento um grande número de empregados da Caixa.
“Os representantes dos trabalhadores entendem que esse processo seja imediatamente interrompido, pois se trata de assédio moral, obrigando os trabalhadores a saírem, sem nenhuma alternativa”, avalia Fabiana Uehara, secretária de Cultura da Contraf-CUT e representante da Confederação nas negociações com o banco.
Os números da pesquisa feita pela Fenae, revelam que 60% dos empregados se dizem sobrecarregados de trabalho, em situação de assédio moral, temendo a reestruturação, mudanças bruscas na vida funcional, e afirmam que sofrem com planos de metas não debatidos com os empregados.