Augusto Coelho O presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, ressaltou a unidade da categoria dos bancários nesta sexta-feira (12), durante as cerimônias de abertura do 31º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef) e do 26º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil. Os dois eventos acontecem no Holiday Inn, em São Paulo. Aos dirigentes sindicais do Banco do Brasil, Roberto disse que 2015 aponta para um cenário difícil, com a possibilidade de recessão, desemprego e inflação. Esse quadro pode impactar na Campanha Nacional dos Bancários, alertou Roberto. Por outro lado, lembrou que os bancos “bateram recordes e recordes de lucros e é com eles que vamos negociar”.

Os bancários também terão de estar unidos, segundo ele, para enfrentar duas frentes de luta: a defesa dos direitos dos trabalhadores e da democracia no País, que sofre ataques. “É preciso muita unidade da categoria para enfrentar esse quadro”, avaliou.

Ainda nos Congressos, o presidente da Contraf-CUT disse que, na campanha eleitoral do ano passado, já houve uma disputa com os banqueiros para impedir que houvesse um retrocesso no País. Os bancários ficaram do lado comprometido com os trabalhadores. “Mas o governo continua em disputa. O anúncio do ajuste e as MPs são equívocos. A taxa Selic drena recursos para o rentismo. E há um Congresso financiado pelas empresas que impõe um forte ataque aos trabalhadores, trazendo a pauta da CNI, com a PL 4330, que aniquila todas as conquistas até hoje e rasga a CLT”.

Roberto lembrou a criação do Departamento Nacional dos Bancários (DNB), há 30 anos, quando os dirigentes sindicais perceberam a importância de uma organização nacional. “Neste período, conquistamos 23 acordos de trabalho, onze com aumento real”, orgulha-se. “Criamos o maior modelo de negociação do País. Talvez o melhor do mundo. Essa ferramenta nos permitiu a enfrentar os banqueiros para evitar retrocessos”, completou.

O EVENTO DO BB
Na mesa da cerimônia do 26º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, a vice-presidenta da Contraf-CUT e presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, criticou a decisão do Banco Central de elevar os juros como justificativa para conter a inflação. “Isso é uma falácia. O projeto do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é equivocado. Querem acalmar o mercado, contrariando o resultado da eleição e o projeto de governo que elegemos. Os juros tiram recursos da sociedade, do financiamento imobiliário e do próprio governo. Não podemos aceitar”, enfatizou.

Juvandia também afirmou que as discussões do congresso dos funcionários do Banco do Brasil serão fundamentais para assegurar conquistas neste ano. “Vamos estabelecer nossas pautas e como faremos para envolver os trabalhadores nesta mobilização. Com nossa garra, superaremos as diferenças. E com unificação conquistaremos mais,” ressaltou. Vários outros dirigentes sindicais também fizeram parte da mesa no Congresso.

Adilson Araujo, presidente da Central Sindical dos Trabalhadores Brasileiros (CTB), afirmou que o capitalismo vive hoje uma crise sistêmica, da qual o Brasil não está imune. “E sobre o aspecto eleitoral, ganhamos o governo e estamos perdendo a batalha. Tivemos importantes conquistas em 12 anos, mas não conseguimos fazer a revolução do nosso tempo e muito se deve à apatia do movimento sindical, pois falta uma postura mais audaciosa”, defendeu.

Sérgio Farias, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e representante do Fórum Sindical dos Trabalhadores, vê dificuldades no momento, mas é otimista. “Esta união de várias matizes políticas presentes aqui, nos permitiu muitas conquistas ao longo da história. É claro que o momento é complicado, mas não podemos esquecer as coisas boas da nossa história”, aconselhou.

Ele lembrou que, em 2008, quando o mundo inteiro passava pela crise econômica mundial, os brasileiros atravessavam um ótimo momento. “Podemos sonhar com a melhora em breve. O governo tem uma sustentação na classe trabalhadores. Por isso, temos de ter a certeza de que vamos sair da crise e continuar defendendo os direitos e avançando nas conquistas”, completou.

Para Jeferson Boava, presidente do Sindicato dos Bancários de Campinas e representante da Unidade Sindical, as diversas forças do movimento sindical precisam buscar a unidade. “Se não construirmos a unidade bancária, não vamos obtê-la com outras categoriais e não teremos uma greve geral”.

Carlos Eduardo Bezerra, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará e representante da Fetrafi Nordeste, seguiu na mesma linha e defendeu a unidade em busca de avanços e conquistas na Campanha Nacional. “Temos de ser um grande vetor de unidade contra as práticas antissindicais. Temos de estar unidos e fortes para avançar em questões como segurança e emprego. Porém, não vamos admitir que não haja aumento real.”

Representante do Conlutas, Atenágoras Lopes, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Pará, reforçou a importância da mobilização contra a perda de direitos dos trabalhadores. “Temos a tarefa de derrubar o pacote fiscal. E explicar, com paciência, para cada trabalhador, o que significam as MPs 664 e 665, a terceirização e enfrentar esta disputa com a direita”.

Ricardo Saraiva, da Intersindical e presidente do Sindicato dos Bancários de Santos, criticou o apoio da Força Sindical ao projeto da terceirização.”Na Baixada Santista juntamos todos os sindicatos no Dia Nacional de Paralisação, em 29 maio. A nossa proposta é de greve geral contra o retrocesso. Temos de fazer como na Argentina, onde todos param”, destacou.

Pela CSD, o presidente do Sindicato dos Bancários de Florianópolis, Marco Aurélio Silvano, elogiou a postura da CUT diante das decisões do governo Dilma, que prejudicam os trabalhadores. “Mesmo apoiando este governo, a CUT não teve nenhuma dúvida em relação ao enfrentamento contra o ajuste fiscal e outras medidas que não concordamos. Continuamos nossa mobilização no Congresso Nacional e sabemos quem são, de fato, nossos adversários,” explicou.

Fonte: Rede Nacional dos Bancários