Representantes eleitos afirmam que não aceitarão intervenção na entidade
Na última terça-feira (25), o presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), José Maurício Coelho, renunciou ao cargo. Para os representantes eleitos da Previ e entidades representativas dos trabalhadores, essa renúncia é um indício de tentativa de intervenção do governo federal no fundo de previdência, para acomodar aliados políticos. Em nota, os representantes na Previ afirmam que não aceitarão qualquer ingerência sobre o fundo, que é administrado por seus participantes.
O conselheiro deliberativo eleito da Previ e diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ernesto Izumi, lembra que já houve em governos passados, como no de Fernando Henrique Cardoso, no início dos anos 2000, e mais recentemente no de Temer, tentativas de intervenção, que enfrentaram resistência dos trabalhadores.
“Os participantes estão preocupados e com razão. Foi a nossa luta que garantiu nosso direito de eleger metade dos membros da diretoria, dos conselhos deliberativo, fiscal e consultivos da Previ. E é essa participação dos associados na direção da Previ que impede decisões unilaterais da direção do banco e que garante a defesa dos nossos direitos. A gestão da Previ não é terceirizada, ela é feita por associados, e eles têm interesse em fazer uma boa gestão porque sabem que um dia dependerão dessas aposentadorias. Portanto, temos que evitar essa interferência com nossa organização e mobilização”, afirmou.
“É preciso que os participantes da Previ, aposentados e da ativa, estejam atentos aos próximos passos, informem-se através de nossos canais de comunicação e que estejamos unidos. Só com união e mobilização conseguiremos barrar tentativas como esta”, acrescentou Ernesto, lembrando que o governo já fez isso recentemente com o fundo de previdência da Caixa, interferindo na gestão da Funcef, e com o Santander Banespa, por meio da Previc, tentando impedir a eleição dos representantes dos trabalhadores no Banespa. “Os trabalhadores da Caixa e do Santander estão lutando contra esses ataques, e faremos o mesmo com a Previ”, reforçou.
Leia abaixo, na íntegra, nota dos representantes eleitos na Previ repudiando qualquer tentativa de intervenção.
Não aceitaremos intervenção do Governo na Previ
Na última terça-feira, dia 25, o Presidente da Previ, José Maurício Coelho, renunciou ao cargo antes do final de seu mandato, que terminaria em maio do próximo ano. São fortes os indícios de que a renúncia não foi de livre e espontânea vontade, mas forçada por ordens do atual Governo, visando abrir espaço para acomodar aliados políticos na direção do banco e na direção da Previ.
Os funcionários do BB, associados ativos e aposentados da Previ estão preocupados com eventuais interferências que possam colocar em risco seus direitos e direcionar investimentos de interesse do Governo e de seus aliados, e que sejam prejudiciais ao patrimônio dos associados.
A Contraf e os sindicatos, solidários aos associados, repudiam qualquer tentativa de interferência externa indevida na Previ. O movimento sindical resistirá a estas investidas e lutará para manter as conquistas dos funcionários, principalmente em relação ao modelo de gestão paritária, um dos mais avançados e democráticos entre todos os fundos de pensão brasileiros.
As entidades sindicais, em conjunto com o funcionalismo do BB, lutaram para conquistar o direito de eleger a metade dos membros da diretoria, dos conselhos deliberativo, fiscal e consultivos da Previ. O banco indica seus representantes e os associados elegem os seus. Este equilíbrio de forças protege o fundo de pensão, pois a presença dos dirigentes eleitos impede que o banco tome decisões unilaterais em prejuízo dos verdadeiros donos da Previ, os associados.
Este modelo de governança precisa ser preservado. Os funcionários do banco, junto com as entidades sindicais, estão vigilantes para impedir qualquer retrocesso.
Para integrar a diretoria e os conselhos deliberativo e fiscal é preciso ser participante da Previ há pelo menos dez anos. Esta é uma das exigências estatutárias que membros do atual Governo querem excluir, para viabilizar nomeações de aliados que cumpram as suas ordens.
Não vamos permitir quaisquer interferências ou ameaças ao futuro da Previ.
Representantes eleitos da Previ
Fonte: Redação Spbancarios, com edições da Contraf-CUT