Apesar da crise, Dougan, executivo-chefe do Credit Suisse, se beneficiou de um dos anos mais lucrativos do banco.

Brady Dougan, executivo-chefe do Credit Suisse, foi o presidente de um grande banco mais bem pago na Europa no ano passado, recebendo 19,2 milhões de francos suíços (US$ 18,2 milhões).

A remuneração, que elevou o pacote salarial de Dougan quase ao nível registrado antes da crise financeira mundial, colocar o executivo-chefe nascido nos Estados Unidos confortavelmente à frente de seus colegas europeus e de quase todos os concorrentes americanos.

Os números, revelados no relatório anual do Credit Suisse, colocam Dougan atrás de John Stumpfm, do Wells Fargo, que recebeu US$ 21,3 milhões, e bem à frente de Jamie Dimon, executivo-chefe do J.P. Morgan Chase, que recebeu cerca de US$ 16 milhões.

O pacote de Dougan foi bem maior que o de Lloyd Blankfein, do Goldman Sachs, que recebeu US$ 9,8 milhões, e o de James Gorman, do Morgan Stanley, que ganhou US$ 8,1 milhões. O pacote de Dougan também superou confortavelmente as remunerações de colegas europeus, como os ? 9,55 milhões (US$ 12,69 milhões) recebidos por Josef Ackermann, executivo-chefe do Deutsche Bank.

O Credit Suisse, que pagou quase 150 milhões de francos suíços a todo o seu conselho executivo no ano passado, disse que 2009 foi um dos anos mais lucrativos da história.

O banco, que esteve entre os primeiros a transferir grandes elementos da remuneração de seus executivos para uma base diferida, incluindo acordos de restituição, acrescentou que seu sistema de remuneração atende a todas as novas recomendações do G-20 e dos países em desenvolvimento, além da Finma, a autoridade reguladora do sistema bancário da Suíça.

Do total de 148,9 milhões de francos suíços que Dougan e seus 12 colegas do conselho executivo receberam, mais de 130 milhões de francos estavam na forma de bônus variáveis. No caso de Dougan, 17,9 milhões de francos estão na forma de bônus variáveis, sobre seu salário-base de 1,25 milhão de francos suíços.

O banco teve no ano passado um lucro líquido de 6,7 bilhões de francos suíços, revertendo um prejuízo de 2,7 bilhões de francos em 2008. O Crédit Suisse é um dos poucos bancos de investimento internacionais que saíram do aperto de crédito relativamente incólumes e sem precisar recorrer à ajuda do Estado.

Observadores afirmam que inevitavelmente o salário de Dougan iria despertar a atenção daqueles que criticam os salários elevados pagos no setor de serviços financeiros, inclusive na Suíça, onde até recentemente a questão provocava menos celeuma que em outros países.

No entanto, o pacote de remuneração de Dougan não é o maior do setor. Nos EUA, Thomas Montag, diretor de banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch, recebeu US$ 29,9 milhões, enquanto na Europa o UBS – grande concorrente do Crédit Suisse – anunciou na semana retrasada que Carsten Kengeter, diretor adjunto de banco de investimentos, foi o membro de seu conselho executivo mais bem pago, recebendo um pacote total de 13 milhões de francos suíços, apesar das perdas significativas sofridas pelo grupo.

Os pagamentos aos principais operadores podem ser ainda maiores, mas eles continuam não sendo revelados por causa das diferenças na contabilidade internacional e nas exigências de transparência.

Fonte: Financial Times /  Haig Simonian

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