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Roberto Setúbal ataca outra vez a política econômica

O presidente do Itaú, Roberto Setúbal, aproveitou o espaço de capa da revista Exame, porta-voz do grupo Abril para o mercado financeiro, para bater duro, mais uma vez, na política econômica do governo. “Nos últimos anos, o Brasil esteve completamente perdido”, disse o banqueiro, ignorando que o seu banco obteve lucro de R$ 15,6 bilhões em 2013.

O ataque de Setúbal, que apoia a candidata Marina Silva (PSB), foi repercutido nesta quinta-feira (25) pelo portal Brasil 247. O apoio é tanto que a irmã Maria Alice Setúbal (Neca), uma das principais acionistas, é coordenadora do programa de governo e cotada para ser ministra se Marina vencer a presidenta Dilma Rousseff (PT).

O engajamento do Itaú na campanha de Marina, porém, despertou irritação na maior acionista individual do Itaú, a socialite Milú Vilela. Segundo o portal, ela considera que o banqueiro enveredou pelo perigoso caminho da partidarização e pode, com isso, enfraquecer o banco da família.

Leia a síntese da matéria do Brasil 247:

No veículo do grupo Abril para o mercado financeiro, presidente do Itaú ataca outra vez a política econômica; “Nos últimos anos, o Brasil esteve completamente perdido”, disse Roberto Setubal à revista Exame; banqueiro acelera em campanha por Marina Silva, do PSB; irmã Neca Setubal cotada para ser superministra se candidata bater a presidente Dilma Rousseff; engajamento, porém, despertou irritação na maior acionista individual do Itaú, socialite Milú Vilela; ela considera que banqueiro enveredou pelo perigoso caminho da partidarização e pode, com isso, enfraquecer o banco da família; imagem da instituição sofre com memes nas redes sociais e nas ruas; jogada de alto risco.

Leia a matéria completa do Brasil 247:

O presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, acelerou no seu engajamento à candidatura de Marina Silva, do PSB. Ele aproveitou o espaço de capa da revista Exame, porta-voz do grupo Abril para o mercado financeiro, para bater duro, mais uma vez, na política econômica:

– Os investidores gostam de ver um país caminhar na direção certa, disse Setubal, cuja frase foi escolhida para abrir a reportagem de capa que, segundo a própria revista, ouviu 500 empresários na sua confecção.

– E, nos últimos anos, o Brasil esteve completamente perdido.

Desde o aniversário de fundação do Unibanco, no final de agosto, quando Setubal fez um discurso de franca oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff simpatia à Marina, o Itaú posicionou-se inteiramente ao lado da candidata do PSB. A irmã de Setubal e herdeira da instituição, Neca Setubal, reafirmou-se como principal assessora de Marina e candidata a ser uma superministra, a partir da pasta da Educação, num eventual governo dela.

Apesar dos cuidados que deve tomar quem está à frente de uma máquina de fazer dinheiro que administra mais de R$ 500 bilhões em ativos, Setubal vai se comportando na campanha como um militante declarado, disposto a dar pitaco em tudo, desde que em benefício do projeto da oposição:

– O funcionamento da nossa democracia não está bom, inicia ele, num dos quadros de destaque da reportagem da Exame.

– As negociações para obter o apoio de partidos pequenos geram ineficiência na administração da máquina pública porque a governabilidade depende de um número grande demais de concessões a muitos partidos, estendeu-se, reproduzindo, palavra por palavra, um dos pilares do discurso de Marina.

O problema, para Setubal, é que não está escrito nas estrelas que Marina vai, necessariamente, vencer a eleição. Na hipótese positiva, o presidente do Itaú acredita que terá no governo um aliado para um salto de crescimento do Itaú, uma vez identificado com a nova ordem econômica. Pode sonhar, ainda, com a simpatia da nova administração ao perdão da multa fiscal de R$ 18 bilhões que o Itaú sofreu pelo não recolhimento de impostos, segundo decisão do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). O banca está recorrendo e força política, nessas horas, nunca é ruim.

No verso dessa moeda de aposta, porém, os problemas já começam a aparecer. Entre os mais próximos, a socialite Milú Vilela, maior acionista individual do Itaú, já não esconde sua irritação pela postura de Setubal. Para os negócios, a derrota de Marina trará consequências de isolamento político para o Itaú, o que, da mesma maneira, sempre é ruim para os negócios.

O certo é que, ou com discursos longos e entusiasmados, como na festança pelos 90 anos do Unibanco, na qual fez sua profissão de fé em Marina e contra Dilma, ou por frases em publicações escolhidas, Roberto Setubal e o Itaú viraram uma grande atração dessa eleição. Uma exposição que pode custar caro se o plano perfeito do banqueiro der errado.

Fonte: Contraf-CUT com Brasil 247