Pressionado pela greve dos caminhoneiros, iniciada nesta segunda-feira (21), o ilegítimo Michel Temer mandou a Petrobras reduzir os preços da gasolina em 2,08% e os do diesel em 1,54% nas refinarias a partir desta quarta-feira (23), mas a paralisação continua, já começou a afetar a produção de quatro fábricas – GM de Gravataí (RS) e São Caetano (SP), Ford de Camaçari (BA) e de Taubaté (SP) – e pode acabar com o combustível para as aeronaves no aeroporto de Brasília.

A notícia da redução ocorre no mesmo dia em que tanto o diesel quanto a gasolina voltaram a subir nas bombas do posto: o preço da gasolina passou a custar R$ 2,0867, enquanto o do óleo diesel subiu para R$ 2,3716 na porta da refinaria, sem a incidência do imposto.

Os caminhoneiros, que ignoraram o aceno do governo e voltaram a bloquear rodovias de todo o país pelo segundo dia, com manifestações em 23 estados, exigem mudanças na política de reajuste dos combustíveis da Petrobras, com a redução da carga tributária para o diesel e isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE).

A política de reajuste do preço dos combustíveis da Petrobras, que só no mês de maio aumentou em 16,07% o preço da gasolina, prejudica os motoristas, segundo as entidades de classe do setor, uma vez que “o caminhoneiro autônomo tem dificuldade até para determinar o valor do frete”.

A maior crítica é contra o atual presidente da Petrobrás, Pedro Parente, que adotou a política de paridade com o mercado internacional, aumentando os preços de acordo com a variação do barril de petróleo no mercado externo, sem estabelecer qualquer mecanismo de proteção para o consumidor.

O reajuste praticamente diário dos preços nas refinarias, que acompanha a variação da flutuação cambial, é política da atual gestão, que pretende entregar a Petrobras, patrimônio do povo brasileiro, às empresas estrangeiras, explica o técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cloviomar Cararine.

Segundo ele, a partir da descoberta do Pré-Sal, o país passou a produzir petróleo muito mais barato e, como tem refinaria, o produto final ficava ainda mais barato. “Com a produção própria, não havia necessidade de se submeter ao mercado internacional e elevar o preço nesse ritmo imposto por Parente”.

Segundo o técnico do Dieese, é produzido no País cerca de três milhões de barris/dia de petróleo. Desses, 2,5 milhões são refinados se todas as 17 refinarias trabalharem sem parar. O país consome, de derivados, por volta de 2,7 milhões.

“Resumindo: temos produção de petróleo e capacidade de refinar esse produto, bem como capacidade de consumo equivalente à produção. Por isso o combustível chegava mais em conta nas bombas de gasolina e diesel. Era produção 100% nacional”, explicou.

“Entre 2003 e 2012, a Petrobrás acompanhava a paridade do preço internacional, mas como a produção era brasileira, o preço também se dava por variáveis nacionais como a produção própria e a capacidade do refino. O preço do derivado, então, tinha a ver com a produção interna do país”, disse Cloviomar.

No entanto, desde que o ilegítimo Temer nomeou Parente para o comando da estatal, as refinarias passaram a operar com 75% da capacidade em vários estados. Com isso, aumentou a importação. Em 2017, foram importados mais de 200 milhões de barris de derivados de petróleo, número recorde da série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

“A partir de 2016 a Petrobras passou a reduzir deliberadamente a produção das refinarias, a aumentar a exportação de petróleo cru e a atrair importadores de derivados.”

Para o secretário nacional de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, os valores abusivos dos combustíveis estão sendo instrumentalizados por Pedro Parente para explicar a venda completa da estatal.

“Os aumentos abusivos dos combustíveis no Brasil estão servindo para aumentar os lucros dos importadores de combustíveis. Parente quer entregar 40% do refino e da comercialização dos combustíveis para empresas multinacionais. Elas querem controlar a produção e a distribuição da gasolina e do gás de cozinha sem ter de prestar contas ao povo brasileiro”, esclareceu o dirigente sindical, que também é petroleiro.

“Resumindo, novos aumentos virão com a privatização da Petrobras.”

Outras consequências das políticas adotas por Pedro Parente são as altas nos preços dos fretes rodoviários, dos alimentos, das roupas e calçados, o que impacta na inflação e no custo de vida dos brasileiros, pois todos fazem parte da cadeia produtiva que depende dos derivados de petróleo.

Greve em defesa da Petrobras

No dia 1º de maio, 12 dos 13 sindicatos da Federação Única dos Petroleiros (FUP) já haviam aprovado greve contra a privatização da Petrobras – o que equivale 90% da categoria. A paralisação é uma resposta ao maior desmonte da história da Petrobras, que agora avança sobre as refinarias, fertilizantes, terminais e dutos da Transpetro, disse Roni.

Ele explicou que a paralisação dos petroleiros se dará em cima de quatro eixos: redução dos preços dos combustíveis e gás de cozinha; manutenção dos empregos e retomada da produção interna de combustíveis; fim das importações da gasolina e outros derivados de petróleo; e contra as privatizações e desmonte do Sistema Petrobras.

A categoria também decidiu, por meio de assembleias que aconteceram no mês de abril, realizar manifestos em defesa da soberania, pela democracia e contra a prisão política de Lula, o presidente que mais investiu na Petrobras e foi o responsável pela descoberta do Pré-Sal, alvo da sanha capitalista das empresas internacionais que estão de olho na estatal.

Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT