A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil poderá atuar em conjunto com os fundos soberanos do Catar e da China em investimentos no Brasil, informou o presidente do fundo de pensão, Sérgio Rosa. A fundação assinou um memorando de entendimentos com o fundo do Catar, cujos ativos somam R$ 80 bilhões, para troca de informações sobre possíveis parcerias em negócios no país, disse Rosa. Também o fundo soberano da China, com cerca de US$ 300 bilhões de patrimônio, visitou a Previ e trocou informações de negócios com Fábio Moser, diretor de investimentos.

Rosa, que divulgou na semana passada o balanço da Previ de 2009, consolidando um patrimônio de R$ 142,6 bilhões no total de seus dois planos, dos quais o plano 1 (mais antigo) detém R$ 140 bilhões, atribui o interesse desses investidores estrangeiros pelo país ao ritmo de recuperação da economia brasileira no pós-crise. "A quantidade de investidores estrangeiros que tem passado por aqui (sede da Previ) para trocar ideias conosco é enorme. São megainvestidores que não tinham o Brasil em seu portfólio e agora estão começando a olhar para ele".

Apesar de não ter ainda nada acertado com os fundos soberanos do Catar e da China, que estão buscando investimentos nos setores de agribusiness, infraestrutura e imóveis, a Previ não descarta entrar em associação com eles. "Eles têm metas para fazer negócios no Brasil e podemos entrar com eles em algum investimento local", declarou o presidente da fundação. A partir desses contatos, a Previ pode até mesmo fazer alguma seleção de investimento futuro no exterior. "Mas ainda não é nosso foco este tipo de análise", afirmou Rosa.

Os números de desempenho de 2009 do maior fundo de pensão do país informam que houve uma forte recuperação dos investimentos no período em relação a 2008, muito afetado pela crise global que derrubou os mercados.

A Previ fechou o ano com um superávit acumulado de R$ 44,2 bilhões, rentabilidade de 28% nos investimentos e a meta atuarial bateu em 10,10%, quase três vezes a meta atuarial de equilíbrio de INPC mais juro de 5,75%, destacou Rosa.

Ele adiantou que a Previ decidiu baixar mais uma vez o juro atuarial, que caiu de 5,75% em 2009 para 5,5% em 2010. Até 2008, esta taxa era de 6% em 2008. "Vamos ajustar a nossa meta atuarial aos poucos porque achamos que o juro de longo prazo vai cair", previu.

O investimento de maior sucesso de 2009 foi em ações. A rentabilidade da carteira de renda variável da Previ alcançou 39,51%, puxando a retomada dos negócios. O valor da carteira de ações da Previ totalizou R$ 89,8 bilhões no período, ou 63,9% do patrimônio do fundo, ante R$ 66 bilhões em 2008. A renda fixa teve rentabilidade de 12% e os negócios em imóveis renderam 24%, superando as expectativas.

Sem poder expandir a renda variável, cuja participação no patrimônio do fundo está próxima do limite legal de 70%, a estratégia de investimentos da Previ para 2010 prioriza ampliar a participação das transações com imóveis, hoje de 2,3% do patrimônio para 5% nos próximos três anos. "Isso significa colocar R$ 2 bilhões neste negócio que tem tido ótimo rendimento", disse. O setor imobiliário é um dos que atraem os fundos soberanos.

A estruturação da Invepar, empresa de logística criada pela Previ e a OAS em 2008 e expandida para novos sócios em 2009 – Petros e Funcef – que ajudaram a capitalizar a empresa e a comprar o Metrô do Rio, também está na agenda da Previ.

A Invepar detém as concessões da rodovia Raposa Tavares, Linha Amarela e agora, do Metrô do Rio. "Estamos preparando a empresa para dar conta dos planos de crescimento que os sócios têm para ela de disputar novas concessões de logística, seja de transporte urbano ou rodoviário", disse Rosa.

Com os dias contados para deixar a presidência da Previ, o que deve acontecer no final de maio, Sergio Rosa avalia que deixa o fundo de pensão em situação bastante confortável para seu sucessor. "O resultado, não só de 2009, mas uma sequência deles – começamos em 2003 com um patrimônio de R$ 43 bilhões e fechamos com R$ 142,6 bilhões – mostra que o bom desempenho da Previ foi fruto da combinação de dois fatores: um bom momento da economia brasileira, mas também um bom resultado da gestão".

Fonte: Valor Econômico / Vera Saavedra Durão, do Rio

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