O presidente da Caixa Pedro Guimarães comemorou o lucro líquido de R$ 10,8 bilhões no primeiro semestre; apesar do lucro expressivo, os empregados e empregadas da instituição financeira têm pouco a comemorar.
A representante do funcionalismo no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, manifestou sua preocupação com o fato de mais da metade do lucro líquido de R$ 10,8 bilhões no primeiro semestre de 2021 ser oriundo de privatizações, do IPO da Caixa Seguridade, da venda de ações do Banco Pan e resultante de acordos firmados com parcerias privadas na seguridade. Afirma também que em 2019 e 2020, a participação da venda de ativos no lucro da Caixa foi expressiva.
A secretária geral do Sindicato dos Bancários da Paraíba e empregada da Caixa, Silvana Ramalho, afirma que “é lamentável que o presidente da Caixa distorça as informações a respeito do recorde de lucro da instituição em suas viagens pelo país, ao passar a falsa imagem de sucesso da sua administração, quando na verdade o cenário é de tragédia ao se constatar que se trata da entrega do patrimônio do povo brasileiro à iniciativa privada”.
Reajuste Salarial
O acordo coletivo bianual fechado ano passado foi essencial tendo em vista a crise politica atual no país. Um acordo de trabalho de dois anos que já prevê o reajuste salarial válido a partir do dia 1º de setembro, calculado pelo INPC/IBGE acumulado de setembro de 2020 a agosto deste ano, acrescido de 0,5% de aumento real.
Essa estratégia do comando nacional, em sintonia com a Contraf-CUT, as federações e sindicatos filiados, segundo Lucius Fabiani, que é diretor do Sindicato e empregado da Caixa, foi acertada. “Somos uma categoria que tem uma convenção coletiva de trabalho de âmbito nacional, e nós, da Caixa, temos um acordo coletivo de trabalho específico válido para todo o país, nos remete ao resgate de toda uma história de lutas que nos fez chegar a esse nível de organização, pois nada nos foi dado de graça. Nossas conquistas foram arrancadas na luta, graças à disposição de nossa base, da garra, das estratégias e da organização do movimento sindical bancário que serve de exemplo para o Brasil e para vários países no mundo. Foi muito suor, muita luta, muitas lágrimas, muita mobilização e muita greve para chegarmos até aqui com ganho real de salário, desde que foi criada a mesa única”. Ainda sobre o lucro da Caixa: “é importante o lucro, desde que não enfraqueça a instituição. Um lucro que impulsiona a Caixa no caminho da privatização não deve ser comemorado.”
PLR
A primeira parcela da PLR que é calculada com base no lucro do primeiro semestre de 2021, será paga até o dia 30 de setembro e a segunda parcela até o final de março de 2022. O cálculo da PLR tem um regramento, que a gente chama de ‘regra Fenaban’ porque ela serve para os bancários e bancárias de todos os bancos. Ela é composta por 90% do salário, mais um valor fixo (em 2020 foi de R$ 2.457,00, que será reajustado pelo INPC + 0,5% de aumento real), acrescidos de 2,2% de parcela de adicional linear.
PLR Social
A PLR Social é um adicional distribuído aos empregados e empregadas devido à natureza dos serviços prestados pela instituição financeira à sociedade. “No caso da Caixa, nós temos uma regra diferente que chamamos de PLR Social. Foi conquistada na campanha de 2010 e eu participei dessa negociação, quando alegamos que a Caixa presta um serviço diferenciado, que por sinal ficou mais do que provado agora na pandemia, que é o trabalho no gerenciamento dos programas sociais no atendimento da população e isso não impacta necessariamente no lucro, mas tem impacto na melhoria da vida das pessoas. E naquela campanha passamos a ser reconhecidos também por esse esforço, quando foi criado esse regramento com a criação da PLR Social, que é o pagamento, além da regra Fenaban, de um percentual de 4% do lucro líquido dividido linearmente para todos os empregados”, afirmou Rita Serrano.
Polêmica
“Foi muito oportuna e esclarecedora a fala da companheira Rita Serrano sobre a polêmica do pagamento a menor da PLR Social, que ocorreu pela primeira vez desde que foi criada”, disse o presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Lindonjhonson Almeida.
“As entidades representativas dos empregados e empregadas da Caixa estão tentando pela via negocial o pagamento do complemento da PLR Social paga a menor e contam com o apoio muito importante da conselheira Rita Serrano, que tem feito um excelente trabalho em defesa de seus/suas colegas e em defesa da Caixa 100% Pública. Mas, precisamos do empenho, unidade e disposição de luta de todo o corpo funcional para resistirmos aos ataques privatistas e lutarmos em defesa da Funcef, do Saúde Caixa e por melhores condições de trabalho e de vida, pois só a luta nos garante!”, concluiu Lindonjhonson.