Crédito: Nelson Antoine/Folhapress
Os professores da rede pública estadual de São Paulo decidiram na sexta-feira (12) manter a greve iniciada na última segunda (8). De acordo com os organizadores, 40 mil profissionais participaram da assembleia que fechou a Avenida Paulista, uma das mais importantes da capital paulista.
Depois da assembleia, os manifestantes seguiram em passeata até a Praça da República, na região central da cidade, onde realizaram protesto em frente à Secretaria de Estado da Educação aos gritos de "Fora, Serra".
A Apeoesp reclama da inflexibilidade do governador José Serra nas negociações e da política educacional no Estado. "É pior que Maluf (Paulo Maluf, hoje deputado federal). A maior revolta é pela propaganda enganosa que está na TV falando de dois professores em sala de aula e informática, que não existem", acusa Benedito Chagas, diretor estadual da Apeoesp.
Alunos da rede pública também participaram da manifestação. Um grupo de estudantes do Jardim Ângela, bairro da zona sul de São Paulo, conversou com a reportagem. "A infraestrutura das escolas está ruim. Não há dois professores por sala de aula e sempre temos aulas vagas porque falta professor", condenam.
Os professores reivindicam reajuste salarial de 34,3%, suspensão da avaliação de mérito e das provas dos ACTs, concurso público, carreira justa e uma política de educação para o estado.
Carlos Ramiro de Castro, vice-presidente da CUT-SP e diretor da Apeoesp afirma que os professores só retomam as atividades se houver negociação por parte do governo do estado. "Esta greve já começou com volume. É uma queda de braço com o governo e só voltamos se houver negociação e atendimento às nossas reivindicações", diz.
O sindicato acusa que o governo estadual tem constrangido professores que pretendem participar da greve, bem como proibido que se ingresse nas unidades para divulgar o movimento.
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação lamentou que o protesto tenha provocado o fechamento de vias, afirmando que isso se trata de falta de educação por parte dos sindicalistas. O governo estadual voltou a pontuar que vai cortar o ponto dos grevistas, que também perderão a oportunidade de receber bônus de desempenho.
Para a pasta comandada por Paulo Renato Souza, ministro da Educação de Fernando Henrique Cardoso, a Apeoesp "declarou guerra" à política de ensino do estado com um "movimento esvaziado, político e inimigo da educação". O comunicado aponta que apenas 1% dos docentes aderiram à paralisação.
Nova assembleia está marcada para sexta-feira (19), no vão do Masp, na avenida Paulista, a partir das 14 horas.
Fonte: Rede Brasil Atual