Crédito: Seeb São Paulo
Seeb São Paulo "Manual de segurança do Banco do Brasil é espelho da ditadura", denuncia um dos cartazes pregados pelos diretores do Sindicato dos Bancários de São Paulo em ato realizado no Complexo São João do BB, centro da capital paulista. A manifestação, nesta sexta-feira 10, foi um repúdio ao trecho da apostila do curso de formação de segurança do banco, que distorce e criminaliza a luta realizada pelos movimentos de esquerda no combate à ditadura militar.

"Não podemos aceitar que uma instituição pública desrespeite a história daqueles que lutaram para acabar com a ditadura, que tanto prejudicava a população e o país. Na verdade, eles precisam ser aplaudidos, senão até hoje viveríamos com medo, sem poder falar, reivindicar e fazer luta", defendeu Juvândia Moreira, presidenta do Sindicato, na manifestação.

A dirigente ressaltou que é inadmissível trabalhadores e militantes que lutaram pelo direito de se expressar terem sido perseguidos. "Não podem ser criminalizados por isso", destaca.

Segundo apuração do Sindicato, o trecho distorcido foi copiado de um texto do oficial de artilharia do Exército, Marco Antonio do Santos, formado na Academia das Agulhas Negras do Rio de Janeiro. O militar é relacionado como uma das fontes consultadas para a elaboração da apostila. Além de ter sido oficial da ditadura na área de inteligência, especializou-se em serviço de espionagem. Em 2004, por exemplo, ministrou aula de contra espionagem empresarial para funcionários da Rede Globo, Petrobrás e Embraer.

"A direção do banco, ao permitir que uma apostila para formação de funcionários contenha essas informações, demonstra a concepção autoritária do tipo de gestão que quer implantar", contestou Raquel Kacelnikas, secretária-geral do Sindicato, durante o ato.

Repúdio

O Sindicato enviou uma carta à presidenta da República, Dilma Rousseff, e ao secretário-geral da República, Gilberto Carvalho, com cópia para a direção do banco, pedindo a retirada dos termos publicados na apostila.

> Leia a íntegra da carta enviada à presidenta

Ernesto Izumi, diretor executivo do Sindicato e funcionário do BB, explicou que o banco entrou em contato com o Sindicato e informou a retirada do texto. Porém, ele alerta para o fato de que muitos funcionários que já realizaram o curso tiveram a formação distorcida. "Mesmo que a direção do banco já tenha tirado a apostila do ar, mantivemos a manifestação para garantir o direito à democracia e denunciar que práticas como essa não podem acontecer."

"Não basta retirar, é preciso refazer o debate com os trabalhadores. Essa não pode ser uma orientação do banco e a direção precisa se manifestar de forma diferente", completou Raquel.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo

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