Uma bancária do departamento conta que é assustadora a visível degradação do ambiente. A funcionária, que terá a identidade preservada para não sofrer represálias, diz que a sobrecarga de trabalho aumentou, assim como o número de horas extras, e diminuiu o tempo de folga. A extrapolação da jornada, aliás, tem sido obrigatória, imposta com muito assédio moral.
"Antes, nós tínhamos uma pausa para o lanche quando fazíamos hora extra. Agora, este tempo chamado de descompressão, de relaxamento, acabou e as horas extras aumentaram. Além disso, o clima de terror no Call Center é enorme, existem boatos de que vão ocorrer demissões em massa e ninguém desmente. Até mesmo os supervisores parecem assustados e desinformados com relação ao futuro", conta a funcionária.
Por causa desses e de outros problemas que estão prejudicando as condições de trabalho e a saúde dos funcionários do Call Center do Real, o Sindicato realizou nesta quinta-feira, dia 15, um ato de protesto em frente ao prédio da Barra Funda. Com megafone em punho, os dirigentes sindicais denunciaram o descaso da coordenação de diversas áreas do departamento e exigiram o cumprimento o acordo firmado com o Real.
Segundo Marcelo Gonçalves, diretor do Sindicato, os problemas enfrentados pelos funcionários do Call Center já foram discutidos com o Real, que firmou um acordo com os trabalhadores para resolvê-los. "O problema é que os gestores de muitas áreas não têm cumprido o acordo e, com isso, há um número muito grande de hora extra obrigatória e a folga referente não está sendo respeitada. Muitos funcionários cursam faculdade ou têm outros compromissos e não podem trabalhar além da jornada. Mas os gestores ameaçam, inclusive com assédio moral, e obrigam os trabalhadores a fazer hora extra, esquecendo-se que há vida além do banco", explica Marcelo.
Demissões – Segundo a bancária do Call Center, em vez de criar condições para se adaptar à nova legislação, o Real tem demitido vários funcionários. "O clima é o pior possível e, além da sobrecarga de trabalho, o Real mudou aspectos do sistema operacional, que agora está dando problema. Eu, por exemplo, sou responsável pelo atendimento à pessoa jurídica, mas vivo recebendo ligações de pessoa física. Antes não acontecia isso, que está atrapalhado ainda mais o nosso trabalho. Outro problema é que muitos funcionários têm sido obrigados a atender as ligações do SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente). Com certeza, o tempo de espera para o atendimento aumentou depois que a lei entrou em vigor", comentou.
Fonte: SEEB – SP / Fábio Jammal Makhoul