Os participantes ativos e aposentados da Fundação Real Grandeza conseguiram ontem, dia 26 de fevereiro, a terceira vitória nesta sua luta constante para evitar que as patrocinadoras Furnas e Eletronuclear substituam o presidente Sergio Wilson Fontes e o diretor de Investimentos Ricardo Carneiro Nogueira.

Desde 2007, esta foi a terceira tentativa de substituir os dois dirigentes. Novamente sem sucesso. Na reunião de ontem do Conselho Deliberativo a proposta de troca, apresentada pelo presidente do órgão colegiado, nem chegou a ser apreciada.

Até 2007 o mandato dos diretores era de três anos, permitindo número ilimitado de reeleições. O estatuto foi alterado, com aprovação das patrocinadoras e da Secretaria da Previdência Complementar, de maneira a adequá-lo à legislação, estendendo os mandatos para quatro anos, inclusive dos então dirigentes.

Os atuais dirigentes assumiram a gestão da Real Grandeza logo depois de ter se consumado perda de R$ 150 milhões com investimentos em Banco Santos. Desde então, empreenderam medidas para estabelecer controles, análise de risco e processos transparentes de tomada de decisão, de maneira a evitar que novos prejuízos acontecessem. Atualmente os dois planos de benefícios administrados pela entidade são superavitários e a gestão atual é reconhecida e apoiada pelos participantes, preocupados com a garantia do pagamento dos benefícios contratados.

Mas parece que o viés técnico e a atuação em defesa dos interesses dos participantes não agradaram à direção das patrocinadoras Furnas e Eletronuclear, e, sobretudo, ao atual Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, pai do presidente de Furnas. Na falta de argumentos melhores, o próprio Ministro foi à imprensa acusar os dirigentes da Fundação de "bandidagem" e a direção de Furnas al egou que a diretoria não prestava esclarecimentos sobre investimentos, esquecendo-se de que os conselheiros deliberativos indicados pelas patrocinadoras podem, a qualquer momento, solicitar toda sorte de informações à diretoria da Fundação, já que ocupam postos no mais alto órgão de decisão da entidade de previdência.

Argumentos sem consistência, que encobrem, na realidade, a gana do PMDB pelo controle de uma entidade que tem um patrimônio de R$ 7 bilhões, conforme apontam vários veículos de imprensa. O destempero do Ministro, a repercussão do caso na mídia e o mal-estar causado foram tão grandes que o próprio Presidente Lula viu-se obrigado a intervir no caso, para mandar suspender a reunião do Conselho Deliberativo do dia 26, que consumaria a troca, e que só seria possível se o presidente do Conselho utilizasse o voto de minerva, pois os conselheiros deliberativos eleitos votariam contra.

Mobilização suspende troca – A suspensão da reunião do Conselho Deliberativo e da troca dos dirigentes aconteceu devido à mobilização e pressão dos participantes, organizados pela associação dos aposentados (Após-Furnas) e pelos sindicatos de trabalhadores do sistema elétrico de todo o país, principalmente o do Rio de Janeiro. Desde a primeira tentativa de troca a Anapar apoiou a resistência dos trabalhadores, pedindo a interferência de ministros e da Secretaria da Previdência Complementar.

Neste episódio, a postura da Secretaria da Previdência Complementar foi de grande importância para esclarecer os acontecimentos junto a outros membros do Governo Federal.

Os participantes estão conscientes de que a luta não terminou, pois novas tentativas podem acontecer até o final do mandato dos atuais dirigentes, em outubro deste ano.

Fonte: Anapar