O Banco do Brasil anunciou ter registrado lucro líquido de R$ 8,034 bilhões em 2016, 44,2% abaixo dos R$ 14,4 bilhões obtidos no ano anterior. No quarto trimestre, os ganhos somaram R$ 963 milhões, representando uma queda de 61,3% sobre o resultado de um ano antes.
Na comparação entre o quarto e o terceiro trimestres de 2016, também houve um recuo de 57,1%, de acordo com o balanço da instituição, divulgado nesta quinta-feira (16).
O resultado é a primeira consequência direta da reestruturação do BB, anunciada no ano passado, e joga por terra a argumentação de que as mudanças buscavam economizar R$ 2 bilhões e diminuir os prejuízos do banco, como explica Carlos de Souza, secretário-geral da Contraf-CUT. “Quando você anuncia uma reestruturação dessa dimensão nos últimos meses do ano, você desmotiva seu quadro de funcionários e atinge diretamente o seu resultado, bem no período do fechamento.”
Em 2016, o Banco do Brasil anunciou um conjunto de medidas de reorganização institucional, que será implementado ao longo de 2017, que prevê o fechamento de agências e um plano de extraordinário de aposentadoria incentivada.
Após a reorganização da rede de atendimento, 379 agências serão transformadas em postos de atendimento e 402 serão desativadas.
No total, 9.409 funcionários aderiram ao Plano de Aposentadoria Incentivada, que já foi encerrado em meados de dezembro. De acordo com o banco, no total, 18 mil funcionários tinham condições para se aposentar.
O secretário-geral da Contraf-CUT esclarece que não defende o lucro pelo lucro. “Um banco público como o BB não tem de pensar só nos números finais, mas sim visar o lucro social, o crédito para população e todas as outras ações que têm de fazer parte do DNA de uma empresa pública. Porém, essa parte foi a mais prejudicada nos últimos meses.”
O Itaú Unibanco passou a ser o maior banco brasileiro por ativos no fim de 2016, superando o Banco do Brasil, segundo dados dos balanços publicados pelas instituições financeiras. Nesta manhã, o BB anunciou ter fechado o ano passado com R$ 1,401 trilhão em ativos, queda ante o R$ 1,448 trilhão do fim de setembro. Já os ativos do Itaú Unibanco subiram de R$ 1,399 trilhão para R$ 1,426 trilhão no período.
Carlos de Souza questiona há quem interessa o apequenamento do Banco do Brasil? “Ao Itaú e aos demais bancos privados, à Fenaban, a todas aqueles que financiaram o golpe. Ou seria coincidência que, com esses resultados, o Itaú passou a ser o maior banco do país? Agora está claro que a reestruturação foi uma encomenda, foi um acordo entre os principais financiadores do golpe que a democracia brasileira levou em 2016.”