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foto-tabelaFinanciamento empresarial está proibido, mas é preciso ampliar representatividade; “listão” da Odebrecht mostrou como doações de empresas corrompem – É inegável que existe no Brasil um clamor pelo combate à corrupção. É uma pauta unânime. Afinal, quem é a favor da corrupção? Ninguém. Porém, além de cobrar o fim dessa prática, se faz necessário o debate sobre suas origens, mecanismos para barrá-la antes que se concretize, e medidas para aumentar a representatividade de todos os segmentos da sociedade brasileira nas variadas esferas políticas do país. Esses debates aglutinam-se em uma única pauta urgente: a reforma política.

Neste sentido, já no ano passado, o Brasil avançou ao proibir o financiamento de campanhas políticas por empresas. “O financiamento empresarial tende a enviesar o resultado eleitoral, ao mesmo tempo em que leva aos eleitos serem cooptados pelos objetivos de quem os financiou”, defende o economista e professor Márcio Pochmann.

Sem o financiamento empresarial – cuja manutenção foi defendida arduamente sem sucesso por PMDB, PSDB, PP, PSD, DEM e Solidariedade – as campanhas nas eleições municipais deste ano serão financiadas apenas por repasses do Fundo Partidário e doações de pessoas físicas, limitadas a 10% da sua renda bruta em 2015. Além disso, gastos de campanha não poderão ultrapassar 50% do maior valor declarado, em pleito anterior, para o mesmo cargo.

“A presidenta Dilma, com apoio do PT, PSB, PDT, PSOL e PC do B, deu grande contribuição à democracia ao vetar o financiamento empresarial. A sociedade agora precisa fazer um amplo debate sobre como aumentar a sua representatividade por meio de uma grande reforma política. Os políticos que lá estão não vão defender uma Constituinte, com a participação do povo, e não podemos permitir que, superada a crise política, os beneficiados sejam os mesmos que defendem a retomada do financiamento empresarial”, destaca a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

Listão da Odebrecht – Com a divulgação pela Operação Lava Jato da lista de repasses financeiros da Odebrecht para ao menos 200 políticos, de 24 partidos, entre eles muitos que buscam capitalizar a indignação da opinião pública em favor dos seus interesses – como PSDB, representado, entre outros, pelo candidato à Presidência em 2010 e hoje senador, José Serra, DEM e parte do PMDB – ficou evidente o elevado grau de influência de grandes grupos empresariais em eleições já realizadas no país.

“Se ainda existia algum pedaço de pano velho, um trapo andrajoso qualquer, que conseguisse esconder o rosto hipócrita de algum líder oposicionista que se mobiliza em prol do impeachment, este foi posto ao chão pela lista da Odebrecht, divulgada na semana passada. A luz do dia mostrou aquilo que todos já sabiam: a corrupção é inerente ao sistema político-partidário brasileiro e seu fulcro é o financiamento da política, particularmente das campanhas eleitorais”, enfatizou, em artigo na Rede Brasil Atual, o professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo Aldo Fornazieri.

Felipe Rousselet – 29/3/2016