Participantes da mesa “Desenvolvimento econômico regional com Banco Público” mostraram o impacto positivo das entidades nos índices socioeconômicos
Tiveram início nesta quinta-feira (9) os trabalhos do 33° Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil “BB público sim, BB mais social sempre!”, em que estão sendo debatidas melhores condições de trabalho da instituição, seu papel no desenvolvimento econômico e social, no combate à fome e na reconstrução do país. Na quarta-feira (8), ocorreu a abertura solene unificada dos bancos públicos. O evento, em formato híbrido, segue até esta sexta-feira (10), com a parte presencial no Holiday Inn Parque Anhembi, em São Paulo.
Participaram da abertura dos debates João Fukunaga (coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, CEBB), Luiz Toniolo (Fetrafi/SC), Ana Smolka (Fetec/PR), Priscila Aguirres (Fetrafi/RS), Fábio Ledo (Feeb/BA-SE), Claiton Santos (Fetec-CUT/CN), Rogério Tavares (Fetrafi/MG), Leandro Arista (Fetrafi/RS-ES), Alexandre Calheiros (Fetrafi/RJ), Sandra Trajano (Fetrafi/NE), Elisa Figueiredo (Feeb-SP/MG), Rodrigo Leite (Fetec/SP). Antes, foi feita a votação do regimento interno do evento, coordenada pelo secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Emprego e renda
O papel dos bancos públicos, por meio do microcrédito, para fomentar o desenvolvimento regional, foi a discussão da mesa “Desenvolvimento econômico regional com Banco Público”, realizada na parte da manhã. Quem iniciou os debates, mediados por Fabio Ledo, representante da FEEB Bahia e Sergipe na CEBB, foi a presidenta do Instituto Nordeste Cidadania (Inec), Zilada Melo Ribeiro.
A organização sem fiz lucrativos trabalha junto ao Banco do Nordeste (BNB), no qual atua na operacionalização de dois programas de microcrédito. “Hoje, no CrediAmigo, realizamos 17 mil operacionalizações ao dia e, no AgroAmigo, cerca de 2,2 mil. Números que podem ser pequenos para o Banco do Brasil, mas para nossa região são fortes”, destacou Zilana. “Para entender o que isso significa, o AgroAmigo gera mais de 353 mil empregos e o CrediAmigo, mais de 568 mil, e são responsáveis por um incremento na arrecadação tributária de R$ 1,1 bilhão e R$ 3,4 bilhões, respectivamente”, completou. Conforme Zilana, os dois programas contribuem, juntos, com uma massa salarial de R$ 11,1 bilhões.
“No CrediAmigo reunimos grupos de empreendedores individuais que atuam em cadeia produtiva, por localidades. É mais do que bater meta de fazer empréstimos. Nesse programa, 67% são mulheres. No AgroAmigo focamos no desenvolvimento da agricultura familiar, trabalhando a acessibilidade e coletivismo”, explica Zilana.
A presidenta do Inec destacou também que entre 2010 e 2021 ocorreu a maior concessão de microcrédito, por causa de decisão de governo. “Em 2010, a então presidenta Dilma deu ordens para o Banco do Nordeste operacionalizar o microcrédito. Nesse período, aplicamos R$ 16 bilhões no Nordeste inteiro. Para um banco do Nordeste esse número é gigantesco e temos espaço para crescer muito mais”, concluiu.
Vínculo com o desenvolvimento
A segunda palestra foi do bancário aposentado do Banco do Brasil e ex-presidente do SEEB Brasília, Jaques Pena. Sua apresentação focou nas experiências que teve com as Cadeias Produtivas, Estratégias de Desenvolvimentos Regional Sustentável do BB, Programa de Desenvolvimento Territorial Integrado e Sustentável da Fundação Banco do Brasil e, por último, Territórios da Cidadania.
“Quem trabalhou muitos anos no banco, quem é dirigente sindical da Cassi ou da Previ, quem circula pelo banco e conhece a nossa história, sabe o quanto o BB tem vínculo com o desenvolvimento, com a atividade econômica, com as pequenas, grandes e médias iniciativas econômicas Brasil afora.” Segundo Pena, essa característica altera conforme a orientação dada ao Banco pelo governo. No entanto, “independente disso, o BB tem uma presença tão grande no país todo que fica difícil tirá-lo do desenvolvimento. Mas as orientações neoliberais podem atrapalhar muito esse papel da instituição.”
Para Pena, com um governo neoliberal, foi possível verificar mudanças nítidas no papel do BB. Como observou, antes do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, a missão do banco dizia “Promover o desenvolvimento sustentável do Brasil e cumprir sua função pública com eficiência”. Os objetivos estratégicos davam conta de “reforçar nosso papel de dinamizador do desenvolvimento do país, com ênfase na inclusão social e produtiva, urbana e rural”. Em 2017, passou a ser “Banco de Mercado com espírito público”; e em 2019, retirou-se a palavra “público” e a missão passou a ser “Cuidar do que é valioso para as pessoas”.
Como afirmou Pena, “isso mostra que o Banco cumpre a estratégia que o acionista controlador determina. Mostra que a presença do banco no desenvolvimento tem a ver com o governo de plantão, com o que o governo quer do Banco e com o tanto que os banqueiros privados mandam no Banco Central, no Ministério da Fazenda ou dentro do próprio Banco do Brasil”.
O congresso continua, na tarde desta sexta, com as mesas “A fome se combate com agricultura familiar” e “O papel do BB na reconstrução do Brasil que a gente quer”, e amanhã com os encontros “Desigualdade de gênero e raça no trabalho e renda” e “Juventude: acesso ao trabalho e renda”.
Fonte: Contraf-CUT