Privatista, Pedro Guimarães participou dos processos de privatização do Banespa, Banerj e Banestado. O doleiro Lúcio Funaro menciona o Brasil Plural, último emprego privado de Guimarães, como parte de suposto esquema envolvendo a J&F, que teria gerado prejuízos à Funcef – “Uma raposa cuidando do galinheiro.” Essa conhecida expressão cabe como uma luva para a nomeação de Pedro Guimarães como presidente da Caixa. Privatista, por formação e experiência profissional, Guimarães confirmou logo na sua posse o fatiamento e privatização de áreas do banco público, começando pela abertura de capital das operações de Cartões, Loterias, Asset e Seguros.
“Se a ideia desse novo governo é acabar definitivamente com o caráter 100% público da Caixa, escolheram o nome ideal para essa nefasta missão, que se não encontrar forte resistência dos empregados e da sociedade, será um duro golpe para os nossos direitos, empregos e também para o país”, enfatiza o diretor do Sindicato e coordenador da Comissão Executiva dos Eempregados da Caixa (CEE/Caixa), Dionísio Reis.
Formação
Guimarães é bacharel em Economia pela PUC-RJ e mestre pela Fundação Getúlio Vargas (RJ). Duas instituições reconhecidas como polos de formulação do pensamento econômico ortodoxo, associado ao liberalismo, se contrapondo a duas outras faculdades de economia, a UFRJ e a Unicamp, mais voltadas ao pensamento desenvolvimentista. Além disso, em seu doutorado, na Universidade de Rochester (em Nova York), Guimarães teve como objeto de estudo os processos de privatização no Brasil.
Experiência profissional
O novo presidente da Caixa trabalhou como analista no Santander e no BTG Pactual, banco de investimentos fundado pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, e participou dos processos de privatização de bancos públicos como o Banespa, Banerj e Banestado.
Também foi membro do conselho de administração da Terra Brasis Resseguros. Empresa que atua na mesma área de uma das frentes da Caixa que ele pretende abrir ao mercado de capitais, a de seguros.
Seu último cargo no âmbito privado foi no comando do banco de investimentos Brasil Plural, instituição com forte presença na área de petróleo, bem como no setor imobiliário, área na qual Guimarães tem relações familiares – é genro de Léo Pinheiro, ex-executivo da empreiteira OAS, preso no âmbito da operação Lava Jato e delator do “caso triplex”, que mesmo sem ser corroborada por provas materiais levou à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Conflito de interesses
Dados do Banco Central apontam que o Brasil Plural tem operado no vermelho desde 2017, quando teve prejuízo de R$ 23 milhões. Em 2018, o dado parcial, foi de lucro negativo de mais de R$ 10 milhões.
O doleiro Lúcio Funaro menciona o Brasil Plural como parte de um suposto esquema envolvendo a J&F, de Joesley e Wesley Batista, que teria trazido prejuízos financeiros ao Funcef, fundo de pensão dos empregados da Caixa, que era acionista da Eldorado Celulose, da J&F. O caso é investigado na operação Greenfield.
O Brasil Plural nega irregularidades e afirma que colabora com as investigações. Já empregados da Caixa identificam no caso uma situação de conflito de interesses na nomeação de Guimarães para a presidência do banco.
“Sabemos que esse governo tem um perfil extremamente privatista e neoliberal e a nomeação de Pedro Guimarães é um sinal claro das suas intenções para o banco público. Mais uma vez, os empregados da Caixa terão de estar unidos e mobilizados, juntos com toda a sociedade, na defesa desse patrimônio do povo brasileiro. Defender a Caixa 100% pública, fundamental para o desenvolvimento do país, é também defender nossos empregos e direitos. Só a luta nos garante e juntos somos mais fortes”, conclama Dionísio.