A uma semana do início da temporada de balanços de bancos, Santander Brasil, Bradesco e Itaú Unibanco começam a relatar a investidores um cenário mais sombrio para o crédito do que aquele projetado no início de 2013.
O Santander Brasil cortou sua expectativa de expansão da carteira de empréstimos para 10% neste ano. Em janeiro, o banco previa uma alta maior, de 15%.
“O banco não acredita que 15% de crescimento dos empréstimos para este ano seja mais alcançável – agora 10% parece um número mais razoável”, afirmam os analistas do BTG Pactual em relatório divulgado na sexta-feira (12).
Procurado pela reportagem, o Santander informou que não comentaria a informação porque está no período de silêncio que antecede a publicação do balanço no dia 30 de junho.
Em março, o Santander tinha uma carteira de crédito de R$ 211,7 bilhões, com um crescimento de 6,2% em relação a igual mês de 2012. Na comparação com dezembro, o estoque tinha encolhido 0,1%.
Bradesco e Itaú Unibanco não chegaram a mudar suas projeções, mas sinalizaram a analistas que devem ficar apenas no piso do intervalo de suas expectativas.
“A gestão do banco vê agora a banda mais baixa da projeção como mais realizável”, afirma a equipe do Morgan Stanley, em relação ao Bradesco, que inicia a safra de balanços na próxima segunda-feira. O banco não comentou a informação. No início do ano, o banco previa que seu estoque de crédito avançaria entre 13% e 17%, na projeção mais otimista entre os três maiores bancos privados do país. Em março, o crédito no Bradesco crescia 11,6% em 12 meses.
No início do ano, o Itaú Unibanco informou ao mercado que espera um crescimento entre 11% e 14% para seus empréstimos. A projeção está mantida, mas o banco agora avalia que ficará no piso do intervalo. “Nossa expectativa é de crescimento da carteira no nível inferior da expectativa anunciada no início do ano”, diz Rogério Calderón, diretor de controladoria do Itaú, por meio de uma nota enviada ao Valor.
No acumulado de 12 meses até março, a carteira do Itaú avançava 8,4%. “O banco [Itaú] não está confortável em retomar o crescimento mais agressivamente, o que deveria levar a um crescimento dos empréstimos a não mais do que 11% ou 12% como um todo”, dizem os analistas do BTG Pactual.
A perspectiva mais negativa dos três maiores bancos privados do país se dá poucas semanas depois de o Banco Central (BC) ter revisto para cima a previsão de crescimento do crédito no país neste ano, de 14% para 15%.
Apesar da aparente contradição, a autoridade só fez a mudança por causa da perspectiva de expansão dos bancos públicos. O crescimento do crédito nessas instituições deve alcançar 22% e não mais os 18% inicialmente projetados pelo BC. Para os privados nacionais, a projeção se manteve em 10%. Mas para os bancos de controle estrangeiro, caso do Santander, a correção de rota se deu para baixo, caindo de 12% para 8% no ano.
Ainda no fechamento do primeiro trimestre, algumas instituições já consideravam a possibilidade de revisar as projeções divulgadas ao mercado ou de encerrar 2013 dentro do cenário mais pessimista que projetaram para o ano, conforme mostrou reportagem do Valor em abril.
Para alguns analistas, até o fim do ano, mais bancos além do Santander podem vir a efetivamente revisar suas projeções. Em análise, o Citi avalia que, num cenário de crescimento do Brasil abaixo do esperado, “o crescimento da carteira de crédito poderia ficar abaixo do projetado”. A inflação, que além de consumir a renda pode levar a mais aumentos da taxa básica de juros, também pode deprimir as expectativas para o crédito dos bancos, relatam analistas.
Fonte: Valor Econômico / Carolina Mandl – São Paulo