A Mantiq, segundo seu gestor Marcos Matioli, quer ter "participação relevante" no capital das empresas que investir. Também quer participar da gestão dos negócios e da decisão dos rumos da companhia, seja tendo um membro no conselho de administração, seja indicando executivos para a empresa.
A gestora vai absorver os fundos de private equity que o Santander administrava e que agora terão gestão separada. O banco cuidava até agora de três carteiras, todas voltadas para o setor de infraestrutura e energias limpas. O InfraBrasil Fundo de Investimentos em Participações, o FIP Caixa Ambiental e o FIP Brasil Petróleo I, recém-criado pelo banco em parceria com a Mare Investimentos – gestora que tem como sócio Rodolfo Landim, ex-presidente da OGX e da BR Distribuidora.
Outro sócio é Demian Fiocca, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Nossa Caixa.
O banco e a Mare estão criando agora o FIP Brasil Petróleo II. Os dois fundos terão patrimônio de R$ 1 bilhão. "Queríamos nos associar a alguém com experiência no setor de petróleo, por isso procuramos a Mare", diz Matioli. Para ele, oportunidades de investimento, tanto em petróleo como em infraestrutura, não vão faltar nos próximos anos.
"O Brasil tem uma agenda de investimentos de aproximadamente R$ 1 trilhão até 2016, concentrados nesses dois segmentos, que são o nosso foco. Temos ótimas perspectivas de negócios para os próximos anos", afirma Matioli.
A Mantiq tem como gestores, além de Matioli, Geoffrey Cleaver, Gustavo Peixoto e Carlos Correa. Os executivos do Santander ligados à área foram transferidos para a nova empresa.
Eles vão responder a um conselho de administração, composto de dois representantes do Santander e dois da Mantiq.
A separação das unidades de private equity das operações dos bancos é uma tendência mundial. Recentemente, o inglês HSBC fez o mesmo movimento. Segundo Matioli, isso é uma forma de evitar conflitos de interesse já que a área cuida de recursos de terceiros, e aumentar a transparência dos negócios.
A Mantiq, além da separação societária, terá escritório separado das unidades do banco espanhol.
Competição maior
Com o boom de investimentos previstos para o Brasil nos próximos anos, Matioli diz que a competição entre os fundos para encontrar boas empresas é maior. Porém, como o Santander é focado em segmentos específicos, como infraestrutura e energia limpa, as próprias empresas desses segmentos é que têm procurado o banco atrás de recursos.
Segundo ele, a Mantiq nasce avaliando várias companhias para investir, mas, como estão em fase de negociação, ele prefere não citar nomes.
Com o crescimento da economia, o Brasil passou a atrair gestoras estrangeiras de fundos de private equity interessadas em obter alta rentabilidade aplicando em setores como infraestrutura, tecnologia e varejo. Entre eles, estão a gestora inglesa 3i e o fundo americano 57 Stars.
Fonte: Altamiro Silva Júnior – Agência Estado