
Ofensas, humilhações em público e ameaças constantes de demissão ou rebaixamento são relatos frequentes nas queixas que chegam ao Sindicato desde setembro de 2011. "O supervisor, em reunião realizada no dia 9 de setembro, deixou todos constrangidos dizendo que a equipe era acomodada, preguiçosa e que vivia de forma ociosa na operação. Afirmou que as pessoas não tinham ambição e não corriam atrás de trabalho, e por este motivo poderiam ser demitidas a qualquer momento", relatou um bancário.
"Ele (o supervisor) vem atacando funcionários que se encontram debilitados e estão em acompanhamento médico e psicológico", acusou outro bancário, acrescentando que o gestor utiliza o histórico médico desses bancários como mau exemplo para a equipe, "ridiculariza esses trabalhadores na frente dos outros e ameaça de demissão constantemente".
Foi o que aconteceu com um integrante da equipe que estava em tratamento psiquiátrico e piorou quando começou a ser perseguido pelo supervisor. "Ele criou um verdadeiro clima de pânico. Tem assediado pessoas em tratamento levando a uma piora do quadro. Eu mesmo tive uma crise de ansiedade, com ideação suicida e fui parar no pronto socorro psiquiátrico." Após a crise, contou o bancário, o gerente da área o transferiu, mas nem isso livrou-o da perseguição do assediador. "Mesmo fora da área, ele me acusa nos corredores de fazer motim para derrubá-lo."
Ameaças
"Ele é ríspido. Tem um discurso que não vale na prática. Já entrou (no cargo) ameaçando todo mundo, fazendo cobranças diárias por resultado e dizendo que tinha carta branca da coordenação do Call Center para demitir quem ele quisesse e para fazer o que achasse melhor. Já vi muita gente chorando no corredor após passar pela mesa dele", informa outra bancária.
"Na primeira reunião que fez com a equipe, deixou bem claro que quem mandava ali era ele e que não iria admitir desvio de caráter de seus funcionários e que qualquer ato de desobediência seria considerado como insubordinação, e seria punido como tal", descreve ela.
Estresse
Marcelo Gonçalves reforça que o Sindicato voltará a cobrar providências do Santander. "Insistimos para que o banco afaste o funcionário ou o requalifique para lidar com os trabalhadores como eles merecem, com respeito."
O dirigente lembra ainda que os representantes dos trabalhadores e o Santander abrirão, em fevereiro, um canal de negociação específico sobre o Call Center, com o intuito de produzir um acordo para o setor.
"Trata-se de um setor particularmente estressante. O funcionário trabalha sendo monitorado o tempo todo, sob normas rígidas e com limite de tempo até para ir ao banheiro, o que é errado. Esse controle exacerbado e ritmo intenso de trabalho têm resultado em muitas denúncias de assédio moral", informa Marcelo.
A diretora do Sindicato, Maria Carmen Meireles, ressalta que é por isso que os problemas do Call Center merecem reuniões específicas. "Isso tem de ser discutido mais profundamente com o banco para que possamos mudar o clima ruim que existe no local. Mudar para um ambiente de respeito e que valorize o trabalho dos funcionários. Mas para isso será fundamental a organização e participação dos funcionários do Call Center nas discussões com o banco que se iniciarão em fevereiro."
Fonte: Seeb São Paulo