Com um investimento de R$ 1,1 bilhão, o Santander Brasil inaugurou ontem (23) um novo data center em Campinas, interior de São Paulo, que trará ao banco um aumento de 50% da atual capacidade de processamento e deve se tornar um centro de comando do Grupo Santander para as unidades da América Latina. O objetivo do banco é que a nova infraestrutura seja a base para o crescimento projetado para os próximos anos.

De olho na expansão dos negócios, os bancos brasileiros estão em meio a um ciclo de construção de centros de processamento de dados, investimentos feitos para décadas. Primeiro na fila, o Bradesco colocou seu data center em operação em 2008. O Banco do Brasil inaugurou sua nova central no ano passado e o Itaú Unibanco prepara o lançamento de dois novos parques para 2016.

A expansão da infraestrutura é uma resposta das instituições ao aumento das transações nos últimos anos. Isso se deve não só à bancarização como também à mudança na maneira como o cliente interage com o banco.

Até meados do ano 2000, grande parte das transações era feita nas agências, e o processamento finalizado durante a noite. Hoje, com mais canais de acesso disponíveis, os clientes realizam mais transações, exigindo respostas imediatas dos bancos. Isso aumenta a necessidade de armazenamento, processamento e segurança da informação.

Com o lançamento do novo data center do Santander, as antigas infraestruturas de dados na região da Paulista e de Santo Amaro, em São Paulo, serão desativadas. Todo o processamento e armazenamento do banco será direcionado para Campinas.

A tecnologia foi construída em um terreno de 800 mil m2 e, além de aumentar a capacidade em 50%, foi projetada para crescer até seis vezes nos próximos anos, de acordo com a demanda. Hoje, as instalações iniciam as operações com uma capacidade de armazenar mais de 5 Petabytes (ou 5 milhões de Gigabytes) e o “mainframe” – principal computador do banco – pode realizar, em média, 210 milhões de transações por dia.

“Isso [a construção do data center] nos dá base para continuar crescendo”, disse o presidente do Santander, Jesús Zabalza, durante a cerimônia de inauguração do novo espaço.

Não foram poucas as falhas tecnológicas que o Santander enfrentou desde a integração com o Banco Real, em 2009. Problemas chegaram por dias a impedir o pagamento de contas no internet banking e até saques nos caixas eletrônicos. Em 2011, durante entrevista ao Valor, Marcial Portela, ex-presidente do Santander Brasil, admitiu que as interrupções levaram o banco a perder clientes.

Apesar de não ser garantia de que o cliente nunca enfrentará problemas tecnológicos com o banco, o novo data center do Santander é capaz de assegurar 99,995% de disponibilidade dos dados armazenados, mesmo em caso de desastres, segundo a certificação “tier IV” (nível 4) dada pelo Uptime Institute. Apenas 12 outros centros no mundo têm esse selo.

O data center de Campinas também poderá se tornar um centro de comando do Grupo Santander para as unidades da América Latina, mas ainda sem data definida. O banco está em países como México, Argentina e Chile.

Em um movimento similar, apostando no crescimento do banco, o Itaú está investindo R$ 2,3 bilhões na construção de dois data centers na região de Mogi Mirim, São Paulo. A nova estrutura vai substituir a central do banco no bairro da Mooca, em São Paulo, que se tornaria insuficiente em 2018.

O projeto, segundo o diretor de infraestrutura do Itaú, Rooney Silva, tem três grande etapas que incluem a construção de seis data centers em um terreno de 815 mil m2. Os dois primeiros serão lançados em 2016, mais dois ficarão prontos em 2023 e, por fim, os dois últimos entregues em 2035. “A nossa projeção é suportar o banco nos próximos 30 anos”, diz Silva.

O Banco do Brasil investiu na ampliação da sua infraestrutura para suportar as transações nos próximos 15 anos, de acordo com o gerente-geral de tecnologia do BB, Daniel Oliveira. O banco já tinha um complexo central de tecnologia em Brasília, com dois data centers, inaugurados em 1998 e 2010. O segundo complexo, conhecido como Capital Digital, foi inaugurado em março do ano passado com um investimento de R$ 1,85 bilhão. O novo centro de processamento foi construído por meio de uma parceria público-privada do governo federal, com a Caixa Econômica Federal.

No Bradesco, a capacidade de processamento do data center inaugurado em Osasco, em 2008, ainda pode ser dobrada com os computadores que tem hoje. Mesmo em dias de pico, quando as máquinas atingem 300 milhões de transações, ainda sobra uma capacidade ociosa de 30%. “Estamos em uma situação bastante confortável hoje”, diz Waldemar Ruggiero, diretor de processamento de dados do Bradesco.

(Colaborou Carolina Mandl)

Fonte: Fabiana Lopes – Valor Econômico