O Santander, maior banco da região do euro em valor de mercado, anunciou plano para fortalecer o balanço patrimonial e incrementar a estrutura de capital com a troca de 30 tipos de valores mobiliários, com valor de nominal de ? 9,1 bilhões, por duas novas emissões.

Ao trocar as dívidas e emissões de várias subsidiárias por novos papéis do grupo, o Santander espera melhorar suas taxas de capital, que vêm sendo observadas de perto pelo mercado.

Analistas disseram que, estimando uma aceitação entre 30% e 50% dos detentores dos bônus atuais, a troca poderia levantar entre ? 600 milhões e ? 1 bilhão de capital, aumentando a taxa de capital próprio do banco, que é conhecida como "Tier One" em inglês e serve de indicador de sua força financeira, em 15 a 20 pontos-base.

A ideia surge depois de uma série de operações similares de recompra de bônus por outros bancos europeus. UBS, Lloyds, Royal Bank of Scotland, Barclays e Crédit Agricole fizeram ofertas de recompra, somadas, de bônus no valor de ? 27 bilhões, com o objetivo de fortalecer suas taxas de capital.

Com tantos bônus de segundo nível, como são conhecidos, sendo negociados com desconto significativo em relação ao valor de face, os bancos conseguem contabilizar lucro nessas recompras, o que se traduz em ganhos acumulados em seu capital básico.

As autoridades reguladoras vêm pressionando bancos por todo o mundo a melhorar suas bases de capital, tanto em qualidade como em quantidade.

A troca da Santander inclui 22 papéis denominados em euros, libras esterlinas e ienes e outros oito, em dólares.

"Como a maioria dos valores mobiliários vem sendo negociada com desconto em relação ao valor nominal, a troca proposta deverá resultar em ganho de capital para o grupo", informou o banco. Tal ganho não seria incluído no lucro normal, mas provavelmente seria usado para fortalecer seu balanço.

Para atrair detentores de bônus que possam estar relutantes, o Santander oferece-se a pagar prêmio aos que aceitem a troca. Ainda assim, poderia comprar os papéis com desconto em relação ao valor de face, com o que reduziria o volume de dívidas por pagar.

A crise financeira aumentou a preocupação com as necessidades de capital dos bancos. Embora os grandes bancos espanhóis tenham se mantido até agora altamente rentáveis, também buscam formas de preservar ou elevar seu capital.

O Santander, um dos bancos mais rentáveis no mundo, reafirmou ontem, quinta-feira, suas projeções para o segundo trimestre e 2009 como um todo. O lucro líquido no primeiro semestre foi "totalmente consistente" com sua meta de igualar neste ano o resultado líquido de 2008, que apontou lucro de ? 8,88 bilhões, destacou o banco.

As previsões feitas para este ano apontavam para aumento entre 10 e 15 pontos porcentuais por trimestre no capital básico, de 7,3% dos ativos ponderados pelo risco.

Fonte: Financial Times / Victor Mallet e Patrick Jenkins, de Madri e Londres