A agência do Santander, no bairro da Cidade Nova, centro do Rio de Janeiro, sofreu um incêndio na área de atendimento Van Gogh na madrugada do dia 13 de junho. Desde então, a área incendiada está isolada por divisórias que escondem a destruição.

Mas o ar está irrespirável, com forte cheiro de fuligem e do produto químico usado para disfarçar o odor do material queimado. Funcionários de retaguarda e vigilantes estão trabalhando no local após o incêndio e o banco reabriu a agência para o público na última quinta-feira (12).

O banco não apresentou nenhum documento emitido por autoridades de defesa civil, nem mesmo um laudo da área técnica de segurança do trabalho liberando a unidade para funcionamento. Os dutos de ar-condicionado estão impregnados de fuligem e gás carbônico e o banco se limitou a aplicar um produto para disfarçar o cheiro.

A tentativa de conserto foi desastrosa, já que o produto tem cheiro forte que incomoda, provocando irritação na garganta, nariz e olhos. A reportagem da Feeb RJ-ES esteve no local na segunda-feira (16) – mais de um mês após o incêndio – e constatou a péssima qualidade do ar. Até clientes reclamaram de incomodo em razão do cheiro que mistura fuligem com produto químico.

Estragos e risco

Dirigentes sindicais estão atuando junto à superintendência e administração do Santander no Rio de Janeiro e ao gestor da unidade desde o dia do incêndio para garantir as condições de trabalho dos bancários. Mas o gerente geral não colabora e mantém dois vigilantes, mais alguns funcionários de retaguarda trabalhando no local desde o dia seguinte ao ocorrido.

O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro recebeu denúncias de que havia funcionários trabalhando na retaguarda, mas sem atendimento ao público. Segundo informações encaminhadas ao Sindicato, os demais funcionários teriam sido deslocados para unidades próximas.

No dia 21 de junho, o dirigente sindical Marcos Vicente, que também é representante da CIPA, e os diretores Arnaldo Malaquias, Leuver Ludoff e Renato Pereira estiveram no local para averiguar a situação.

A agência tinha um buraco na entrada, onde havia um vidro que foi quebrado pelos bombeiros quando entraram para apagar o fogo. Foi colocado um tapume de madeira para fechar o buraco e o banco esperava apenas que o vidro fosse reposto para reabrir a agência ao público.

Na ocasião, todo o material queimado estava ainda no local, isolado da área de atendimento por divisórias. O hall eletrônico estava aberto e funcionando, com os caixas realizando operações e recebendo documentos dos clientes.

Os representantes dos bancários, constatando as péssimas condições do local, paralisaram a agência. O banco, então, enviou um carro forte para retirar todo o numerário dos cofres e mandou fechar a agência.

No dia 5, os sindicalistas retornaram à agência e constataram que o vidro da fachada tinha sido reposto e que havia funcionários e vigilantes fazendo serviço interno, inclusive processando documentos dos caixas eletrônicos.

Na opotunidade, mais de um funcionário reclamou do incômodo provocado pelo cheiro de fuligem e de produto químico. No dia 11, quase um mês após o incêndio, foi feito um mutirão para limpeza do local e retirada do entulho do incêndio, mas o cheiro permaneceu forte.

Além da qualidade do ar, outra situação preocupa os sindicalistas. Não foi averiguada ainda a causa do incêndio, portanto não há como garantir que não há risco de uma nova ocorrência.

"A agência não foi liberada para atendimento e o banco está forçando a barra para abrir. O Santander só pensa no que perde com a agência fechada, mas não considera o perigo que os funcionários e clientes estão correndo. Onde está a responsabilidade social que o banco tanto apregoa?", questiona Luiza Mendes, diretora da Federação.

Protestos

Diante da insistência do Santander em manter a agência aberta, representantes da Federação e do Sindicato do Rio estiveram no local novamente no dia 16. Os bancários paralisaram a unidade. Funcionários foram deslocados para a agência Teleporto, que fica a pequena distância.

O cipeiro Marcos Vicente continuou insistindo junto à administração do banco para ter acesso a documentos que liberassem o local para funcionamento, mas não havia nenhum laudo oficial. Nem mesmo as autoridades públicas responsáveis por vistoriar a segurança de instalações comerciais haviam sido contactadas.

No dia seguinte (17), a agência não abriu e recebeu a visita de um representante da empresa contratada para realizar obras no local.

Nova operação de limpeza e retirada do entulho começou no mesmo dia. Mas os sindicalistas estão preocupados com a forma como esta limpeza será feita.

"Esperamos que não se faça uma remoção superficial dos resíduos. É preciso limpar corretamente o local, principalmente os dutos do ar-condicionado. O ar está irrespirável na agência e o banco não pode manter funcionários trabalhando, nem atender clientes nestas condições. A saúde dos trabalhadores e do público está em risco numa situação como esta", pondera Marcos Vicente.

Fonte: Feeb RJ-ES