O promotor público de Genebra informou que abriu investigação criminal sobre as alegações de que o fundo de hedge do Banco Santander enganou investidores quando canalizou dinheiro para o esquema de pirâmide financeira de Bernard L. Madoff. A investigação formal foi aberta em função de reclamação protocolada pelo Geneva Partners, um fundo de investimento independente que comprou produtos financeiros da Optimal Investment Services SA, divisão de fundo de hedge do Santander baseada em Genebra.

Dario Zanni, o promotor público de Genebra, disse por telefone que a investigação tentará descobrir se Manuel Echeverría, ex-diretor-presidente da Optimal, fez uma auditoria preliminar, como alega em documentos da empresa, antes ‘de entregar o dinheiro dos clientes a Madoff.

"Temos algumas suspeitas em relação a isso", disse Zanni. "Não temos certeza se ele fazia seu trabalho de acordo com suas obrigações." Zanni disse que também vai investigar se a Optimal ou algum de seus executivos sabia que os fundos de Madoff eram fraudulentos quando os venderam a investidores.

"Temos dois tipos de suspeita: se ele sabia que havia alguma coisa errada com Bernard Madoff; ou se não fez a auditoria preliminar", acrescentou Zanni. "Por enquanto, não sabemos. Estamos investigando." Segundo ele, a investigação pode durar dois anos.

Echeverría, que deixou a Optimal no fim do ano passado, disse que quaisquer perguntas deveriam ser feitas ao Santander. Um porta-voz do banco espanhol recusou-se a comentar a investigação.

O banco havia antes insistido que agiu corretamente o tempo todo, fazendo auditorias preliminares enquanto administrava o dinheiro dos clientes. O Santander também informou que a venda dos fundos administrados por Madoff foi "sempre transparente e de acordo com todos os procedimentos estabelecidos e regras aplicáveis".

Madoff está na prisão, aguardando sentença depois de se declarar culpado de 11 violações criminais relativas a um esquema de pirâmide que durou décadas e fraudou investidores em bilhões de dólares.

O Santander, segundo maior banco europeu em valor de mercado, aplicou 2,33 bilhões de euros (ou US$ 3,25 bilhões) dos clientes em fundos administrados por Madoff. O banco está fechando vários de seus fundos de hedge Optimal depois da notícia de que as perdas relacionadas com Madoff desencadearam uma onda de saques por parte dos investidores.

A Optimal informou que administrava US$ 10,4 bilhões antes da notícia da prisão de Madoff, no fim do ano.

O Santander ofereceu aos clientes de private equity atingidos pela fraude de Madoff títulos com valor de face de 1,38 bilhão de euros para compensá-los pelas perdas. O banco informou que 93% deles aceitaram a oferta, que inclui a renúncia ao direito de processar o Santander. Investidores institucionais como o Geneva Partners não se qualificam a essa compensação.

O argumento principal da queixa da Geneva Partners aos promotores suíços é que a Optimal enganou investidores ao declarar ter feito auditoria preliminar detalhada dos fundos de Madoff, disse Franck Berlamont, fundador do fundo de investimento.

A Optimal havia informado ter conferido as contrapartes das supostas negociações de opções feitas por Madoff, mas acabou que estas nunca aconteceram, de acordo com Berlamont.

"Tivemos a garantia de que eles haviam feito auditoria preliminar de todas as contrapartes das opções, quando, de fato, não havia nenhuma contraparte a ser checada", disse Berlamont por telefone.

Em maio, o Santander concordou em pagar US$ 235 milhões para evitar potencial queixa judicial do liquidante do espólio da empresa de Madoff, embora o acordo não incluísse nenhuma admissão de culpa por parte do banco. A soma representou 85% do dinheiro sacado pelo Santander nos 90 dias imediatamente anteriores ao colapso da empresa.

A investigação do liquidante concluiu que a Optimal não tinha conhecimento da fraude de Madoff.

Fonte: Wall Street Journal, publicado no Valor Econômico / Thomas Catan, The Wall Street Journal, de Madri