O Saúde Caixa, um dos principais benefícios apontados pelos empregados da Caixa Econômica Federal, está sob ameaça. A redução do número de empregados, a inflação médica e a alteração do estatuto da CAIXA, que limitou a contribuição da empresa para o plano a 6,5% da folha de pagamento, contribuem para a projeção de déficit de R$ 355 milhões em 2023.

Com o fim do acordo aditivo do plano, em dezembro deste ano, os representantes dos empregados na mesa de negociação esperam fechar um novo acordo que não prejudique os beneficiários nem comprometa a sustentabilidade do plano.

No início dessa semana, o Sindicato dos Bancários da Paraíba promoveu plenária presencial sobre o assunto, com a participação da coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da CAIXA, Fabiana Uehara, que está a frente das negociações com a empresa.

“Em 2014, a CAIXA tinha 101 mil empregados, hoje temos cerca de 87 mil. Essa redução teve impacto significativo na receita do Saúde Caixa. Além disso, o aumento dos custos médicos, que são sempre acima dos salários, agravou a situação. Se a CAIXA insistir na manutenção do teto de gastos, o plano ficará inviável para os empregados”, disse Fabi.

Nas discussões, a Caixa insiste em limitar sua participação no custeio do plano ao teto de 6,5% da folha de pagamento do banco, conforme está previsto no estatuto da empresa, alterado em 2017. Pelas projeções apresentadas pela CAIXA a mensalidade dos titulares, que hoje é de 3,5% da remuneração base, passaria para 6,46% em 2024 e 7,25% em 2025. A dos dependentes, que hoje é de 0,4%, passaria para 0,74% e 0,83%, respectivamente.

Até 2018, os custos administrativos do plano, que hoje é de cerca de R$ 126 milhões, eram pagos integralmente pela CAIXA, mas a partir de 2021, os beneficiários passaram a arcar com parte dos custos. “Esse foi um dos problemas gerados pela CGPAR 23, mas a CAIXA é responsável pela gestão do plano, então é ela quem deve se responsabilizar pelos custos. Essa conta não é dos empregados e não vamos abrir mão disso”, disse Fabi.

Acordo de 2021
O atual acordo do Saúde Caixa foi assinado em 2021, após deliberação em assembleias organizadas pela Contraf CUT. Válido por dois anos, o acordo vence em dezembro deste ano, mas as negociações até agora não avançaram. “O momento agora é de mobilização para fortalecer a mesa de negociação. Primeiro, é fundamental que todos acompanhem o debate para compreender a situação do plano. O segundo passo é participar das mobilizações, seja de forma virtual ou presencial”, disse Fabi.

Os sindicatos ligados à Contraf CUT vêm realizando plenárias presenciais e virtuais para debater o Saúde Caixa, mas a participação dos empregados ainda é inexpressiva. Nos dias 17 e 30 de outubro os sindicatos organizarão atos em defesa do plano. “Esse debate já vem acontecendo há alguns meses, já foram realizadas várias plenárias e lives, mas na maioria das vezes, a participação se resume aos dirigentes sindicais. Enquanto os empregados não se engajarem na luta e compreenderem a gravidade da situação, não avançaremos na negociação e corremos o sério risco de perder nosso plano de saúde, alertou Silvana Ramalho, empregada da CAIXA e secretária-geral do Sindicato dos Bancários da Paraíba.

Debate com os empregados
A manutenção do Saúde Caixa é umas das principais pautas da CEE/CAIXA por causa da urgência da aprovação do novo acordo, mas os debates sobre condições de trabalho, metas abusivas, Funcef, retomada das funções de caixa e tesoureiro, entre outros assuntos, continuam na mesa de negociação. Em João Pessoa, Fabi esteve na Apcef-PB, onde conversou com empregados aposentados, e visitou algumas unidades da CAIXA, ao lado dos diretores do Sindicato dos Bancários da Paraíba.

“Foi um prazer não só participar da plenária, mas poder visitar as unidades ao lado dos diretores do sindicato para conversar com os colegas e aprofundar os debates, não só sobre o Saúde Caixa, mas sobre outras demandas que estão na mesa de negociação permanente. Quero aproveitar para parabenizar os diretores do Sindicato, que fazem um trabalho importante no dia a dia junto à categoria”, disse Fabi.

Lindonjhonson Almeida, presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, convocou os empregados da CAIXA para participar das mobilizações na próxima semana em defesa do saúde caixa. “Os sindicatos têm a missão de organizar a luta, mas ela é coletiva. Cada um de nós tem uma parcela de responsabilidade na manutenção dos nossos direitos e, no caso específico do saúde caixa, se cada empregado não fizer sua parte, a comissão de negociação perde força. Por isso, contamos com todo mundo nos dias de mobilização”, disse.