Procurada, a Mapfre não se pronunciou sobre o assunto. O executivo do BB responsável pela área de seguros, Paulo Rogério Cafarelli, estava em viagem e não pôde atender à solicitação da reportagem.
O desenho da nova seguradora contempla duas holdings. Uma delas, cujo nome provisório seria Mapfre BB, terá 50,01% das ações ordinárias nas mãos da Mapfre e 49,99% em poder do BB. Apenas com capital ordinário, essa empresa vai abrigar as operações de vida, seguros imobiliários e rural. O presidente do conselho de administração será indicado pelo grupo espanhol e o presidente executivo, pelo BB.
Na outra holding (BB Mapfre), 25% de ações preferenciais serão d Mapfre e 75%, do BB, sendo a composição do capital ordinário semelhante à da primeira holding. Ou seja, nessa segunda empresa, o BB deterá a maior parte do capital total, embora não seja o controlador.
Debaixo do guarda-chuva da BB Mapfre ficarão os chamados ramos elementares – seguros de carros, residências e empresas. A estrutura de comando funcionará de forma inversa à da primeira holding – o presidente do conselho de administração será indicado pelo BB e o presidente executivo, pela Mapfre. Os nomes dos executivos que comandarão o grupo ainda não foram definidos.
Pelo desenho societário, cada uma das holdings terá duas divisões de negócios, segundo a lógica comercial. Uma para atender o canal corretores, modelo hoje adotado pela Mapfre, e outra para distribuir apólices pelas agências, padrão atual do BB. A empresa resultante terá um total de 4 mil funcionários e avalia-se que a possibilidade de demissões é baixa, já que praticamente não existem sobreposições.
As cifras envolvidas na negociação não são conhecidas -apenas o valor resultante da empresa, de R$ 11 bilhões -, mas boa parte do acerto vai passar por troca de ações. Os ajustes em dinheiro tendem a ser modestos. Vai servir de moeda de troca, por exemplo, o diretor adquirido em 2005 pela Mapfre de prover a Nossa Caixa por 20 anos com produtos de previdência privada.
A nova empresa de seguros será a maior da América Latina, quando excluídas da conta as operações de saúde e previdência. Num ranking feito a partir de dados da Seguros Privados (Susep) relativos a dezembro de 2009 em que se excluem os dois segmentos, a empresa resultante da união entre Mapfre e BB teria um total de R$ 7,7 bilhões em prêmios – R$ 4,1 bilhões da Mapfre, R$ 2,3 bilhões da Aliança do Brasil (cuja totalidade do capital foi adquirido pelo BB em 2008) e R$ 1,3 bilhão da área de veículos da SulAmérica.
A Bradesco Seguros é líder de mercado, com R$ 5,8 bilhões em prêmios. Quando incluídos os ramos de saúde e previdência, entretanto, a Bradesco soma mais de R$ 20 bilhões em prêmios e segue líder entre as seguradoras.
A parceria entre BB e Mapfre vem sendo costurada desde meados do ano passado e faz parte de uma grande reestruturação que o Banco do Brasil está promovendo em sua atividade de seguros.
Para a área de capitalização, a parceira escolhida foi a Icatu Hartford, que já era acionista da Brasilcap e passará a ser sua controladora. Na área de previdência, o sócio exclusivo será a americana Principal, com a qual o banco renovou recentemente a parceria por mais 20 anos na Brasilprev.
Falta definir o parceiro que irá trabalhar com o BB no segmento de saúde. Circularam no mercado rumores de que a SulAmérica estaria negociando a compra dos 49,92% da participação acionária que o banco detém na BrasilSaúde. A SulAmérica já havia acordado a venda de 30% de sua fatia na Brasilveículos.
Em comunicado enviado ao mercado em outubro do ano passado, o então presidente da SulAmérica Patrick de Larragoitti confirmou que havia iniciado "tratativas com o BB visando o encerramento dos acordos que mantém na Brasilveículos e na Brasilsaúde". Não está descartada, porém, a possibilidade de a SulAmérica ser a parceira do BB em saúde.
Fonte: Valor Econômico / Aline Lima, de São Paulo