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Crédito: Seeb Brasília
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Construção da atual sede do Sindicato, localizada na EQS 314/315

O Sindicato dos Bancários de Brasília completa nesta terça-feira, 23 de novembro, 49 anos, firmando-se como uma das mais sólidas, perenes e relevantes associações da classe trabalhadora do Distrito Federal. E também como peça fundamental do movimento sindical bancário brasileiro.

Durante esses quase cinquenta anos, foram muitas e árduas as batalhas travadas em nome dos direitos da categoria bancária e também pelo direito de organização, materializado na existência de um sindicato forte, independente e combativo.

"Quando nós começamos o movimento de formação do Sindicato, havia cerca de 400 bancários aqui em Brasília. Pessoas de vários bancos, mas a maioria trabalhava no Banco do Brasil. O Sindicato foi fundado em 23 de Novembro de 1961, foi quando nós conseguimos a Carta Sindical [emitida pelo Ministério do Trabalho]", conta Adelino Cassis, um dos fundadores e o primeiro presidente do Sindicato.

Antes da existência do Sindicato, os bancários se organizavam na Associação dos Bancários, com sede no que viria a ser a 712 Sul. Em 1962, o Sindicato já atendia a categoria no edifício Arnaldo Villares, no Setor Comercial Sul, onde hoje fica o Sindicato dos Urbanitários (STIU-DF). "Na época, Brasília ainda era carente de muitas coisas, por isso na sede do Sindicato funcionavam também um restaurante, uma clínica geral e um consultório odontológico", lembra Édio Custódio, bancário aposentado do BB, diretor da primeira gestão do Sindicato e um dos responsáveis pela montagem da primeira sede.

Da mesma forma que várias outras entidades de classe, grupos estudantis, partidos políticos, o Sindicato, seus militantes e filiados foram duramente reprimidos durante os anos do regime militar (1964-1985). Entre 1964 e meados dos anos 1970, o Sindicato foi controlado por interventores nomeados pelos militares, que conduziam no dia a dia a política de atrelamento da entidade ao regime político vigente.

Além de ser afastado da presidência da entidade, Adelino Cassis chegou a ser preso durante os primeiros anos de chumbo. "Fui demitido sumariamente do Banco do Brasil. À época, o presidente era o Castelo Branco. Como eu era conhecido pela minha atuação dentro da luta política e da luta sindical, acabei sendo perseguido. No início da ditadura, a luta sindical era ostensiva, ou seja, ainda era feita na legalidade. Mas o Partido Comunista já era ilegal, clandestino, e foi por causa dele que eu fui preso. Eles me pegaram ali no Edifício Palácio do Comércio, no início da W3 sul. Eu fiquei preso por cerca de dois meses", conta ele.

Édio Custódio também relembra um episódio marcante, ocorrido na antiga sede do edifício Arnaldo Villares. "Teve um dia que nós, da diretoria, ficamos sitiados na nossa sede no Arnaldo Villares. Nós passamos a noite lá, esperando os caras irem embora, mas foi em vão. Quando tentamos sair, eles nos pegaram na porta e nos bateram muito. Eu mesmo fiquei com uma costela quebrada por conta disso."

Em 1985 os bancários fazem a primeira greve nacional pós-64, uma das maiores da história da categoria, e conquistam reposição de perdas salariais. No ano seguinte, os empregados da Caixa fazem uma paralisação nacional, são reconhecidos como bancários (antes eram denominados economiários) e conquistam a jornada de 6 horas. O Sindicato de Brasília desempenha papel importante nesses avanços. Com sucessivas paralisações, os bancários voltam a obter novas conquistas e se transformam na primeira categoria do país com data-base e unidade nacionais.

O movimento sindical trava uma dura luta de resistência na década de 90 contra as políticas neoliberais impostas primeiro por Collor e aprofundadas pelos dois governos FHC. Abertura comercial desenfreada, privatizações, desregulamentação selvagem dos direitos sociais, trabalhistas e sindicais. Os bancários dos bancos públicos sofrem oito anos de arrocho salarial e os postos de trabalho são reduzidos drasticamente.

Chegamos ao ano de 2010 e ao limiar de nossos 50 anos de existência, enquanto associação classista, tendo obtido reajustes salariais superiores à inflação nos últimos seis anos consecutivos. É uma bela história, que cabe à categoria conhecer para poder dar continuidade.

Fonte: André Shalders – Seeb Brasília

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