O Sindicato dos Bancários de Pernambuco completa nesta sexta-feira, dia 14 de outubro, 80 anos de história. Fundada em 1931, a entidade enfrentou tempos difíceis nestas oito décadas até se consolidar como um dos principais sindicatos de trabalhadores do Brasil.

No começo, era apenas um grupo de amigos, que se reunia no Gabinete Português de Leitura todo sábado à tarde e cavava espaços para comunicar suas ideias nos jornais de grande circulação. Foi assim que surgiu, no dia 14 de outubro de 1931, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco.

Eram tempos de Estado Novo e de tutela do governo federal nos movimentos de trabalhadores. Por isso mesmo, o Sindicato tinha um caráter mais assistencialista e promovia festas e eventos culturais e desportivos. Ainda assim, o Sindicato teve participação ativa na luta pela regulamentação do salário mínimo para todos os trabalhadores e pela conquista da jornada de seis horas para os bancários.

Aos poucos, o perfil combativo e as lutas foram crescendo e o Sindicato já era referência nacional na década de 1950. É desta época a primeira grande greve nacional, que durou 40 dias. Em 1951, veio mais uma greve, que durou 69 dias e definiu o 28 de agosto como Dia dos Bancários.

Durante os primeiros anos da década de 1960, o Sindicato já realizava greves históricas. Em 1961, os bancários pararam tudo no Recife. Tanto que faltou troco na cidade. O grau de organização era tanto que o Sindicato fechava banco até por telefone.

Foi quando veio o golpe militar de 1964 e uma tropa do exército invadiu o prédio da entidade, que funcionava na Avenida Conde da Boa Vista. Houve quem escapasse pelo telhado. Alguns observaram à distância. Outros foram presos. E o impacto da intervenção na luta dos trabalhadores durou bem mais que os tempos de golpe.

A reconquista da democracia

Foi só em 1988 que, de fato, a democracia voltou a existir no Sindicato dos Bancários de Pernambuco. A luta pela reconquista da liberdade, entretanto, vem de muito antes. Já em 1979, a oposição estava organizada e atuante.

Mas as eleições sindicais, embora restabelecidas, eram fraudadas. Agentes do DOPs conviviam com os chamados dirigentes sindicais, dentro da estrutura física da entidade. Por outro lado, a oposição era maioria nas assembleias, que acabavam, muitas vezes, em agressões físicas. As eleições eram descaradamente fraudadas.

Mesmo assim, a oposição cresceu. Ainda mais com o movimento dos empregados da Caixa pela jornada de seis horas e pelo enquadramento deles na categoria bancária. E, em 1988, o MOB – Movimento de Oposição Bancária, reconquistou o comando da entidade. Os votos roubados não foram suficientes para reeleger os prepostos dos bancos.

A luta da oposição, no entanto, já começou difícil para as novas gestões, vinculadas à CUT – Central Única dos Trabalhadores. Internamente, era preciso lidar com as divergências e modificar a postura assistencialista, herança do golpe militar.

Na base, era preciso enfrentar uma década de privatizações, fusões, demissões, perda de direitos. A primeira batalha foi contra a privatização do Bandepe. Começou no início da década de 1990, quando demissões e fechamento de agências prepararam a venda do banco. E se arrastou de 1996 a 1998. Embora o Sindicato não tenha conseguido evitar a venda, a luta garantiu um dos melhores acordos para os empregados de bancos estaduais privatizados.

Para os trabalhadores de bancos privados, foram tempos de fusões, invasão de bancos estrangeiros, demissões. Para o pessoal dos bancos públicos, foram anos de perda de direitos, desestruturação de Planos de Cargos e Salários, Planos de Demissão Voluntária, transferências compulsórias, reajuste zero.

Ainda assim, os bancários conquistaram a Convenção Coletiva Nacional, em 1992. E o Sindicato viveu Campanhas Salariais participativas e greves longas, com desfechos que sempre eram remetidos para a Justiça do Trabalho, em prejuízo dos trabalhadores.

Anos 2000

E veio o dia 27 de outubro de 2002, quando 52,7 milhões de brasileiros elegeram como presidente do país Luiz Inácio Lula da Silva – nordestino, operário, sindicalista. Mas bastou a primeira Campanha Salarial para que os bancários percebessem que nada lhes seria devolvido de mão beijada.

Foi preciso brigar, e muito, para garantir que os bancos públicos aderissem à mesa única e seguissem a Convenção Coletiva Nacional. Mesmo assim, no princípio, algumas conquistas ficaram de fora.

Mas, ano após ano, os bancários conseguiram reorganizar o movimento e fazer campanhas cada vez mais participativas. E a opção pelas campanhas unificadas tem papel especial nesta história: Depois da unidade, iniciada em 2004, todos os bancários têm conquistado os mesmos reajustes, com aumento real todos os anos. E os empregados dos bancos públicos já recuperaram a maior parte dos direitos retirados pelos tucanos. Juntos, ficamos mais fortes.

Fonte: Seec Pernambuco

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